O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou, nesta sexta-feira (8/3), que a Operação Verão, que ocorre no litoral paulista, está sendo conduzida de forma profissional e minimizou as denúncias de funcionários da Secretaria de Saúde de Santos, que apontaram que mortos estão sendo transportados como vivos para hospitais, atrapalhando a perícia. “Nossa polícia é extremamente profissional. A gente está fazendo o que é certo”, avaliou ele.
“Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU (Organização das Nações Unidas), pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí”, disse ele.
No entanto, o governador prometeu que os casos serão investigados. “Tem uma questão de denúncia, vamos investigar. Agora, nós precisamos de fato saber o que realmente aconteceu.”
“Não há nenhum interesse da nossa parte em confrontar ninguém. Nós tínhamos lá na baixada (santista) uma série de barricadas que foram removidas. Locais em que o poder público não entrava. Hoje a gente retirou todas as barricadas. A gente está estabelecendo a ordem. Não existe progresso sem ordem”, explicou Tarcísio.
Anualmente, a Operação Verão ocorre nas cidades litorâneas paulistas, buscando a prevenção de crimes na região em um período que costuma reunir muitos turistas. Este ano, os policiais militares iniciaram as ações no dia 18 de dezembro. A corporação já prendeu 825 pessoas e apreendeu 580 quilos de drogas, mantendo a média de 2023, 2022 e 2021. No entanto, diferente dos outros anos em que não houveram óbitos, em 2024, 39 pessoas acabaram mortas e não há previsão para o fim da Operação.
O Ministério Público de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), abriu uma notícia de fato para apurar o caso. A perícia é prejudicada quando há a remoção de um corpo da cena do crime, o que acaba dificultando a distinção de um homicídio para uma Morte Decorrente de Intervenção Policial. Caso seja confirmada, a retirada do corpo do local poderá ser enquadrada como crime de fraude processual e a pena prevista é de três meses a dois anos de detenção, e multa.
A Defensoria Pública do estado, junto ao Conectas Direitos Humanos e o Instituto Vladimir Herzog, foram a ONU pedir pelo fim da operação e a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais pelos policiais militares, medida também minimizada por Tarcísio e que não deve receber investimento após o fim do contrato vigente no estado. A Defensoria afirma que não foram usados os equipamentos em nenhuma das ocorrências verificadas.
Segundo as entidades disseram à ONU, foram identificados “indícios da não preservação das cenas dos crimes, bem como a repetição da versão policial em todas as ocorrências com morte: que os suspeitos portavam drogas, atiraram e que teriam sido socorridos ainda com vida. Nesse contexto, a ausência de corpos nas cenas de crimes impossibilitaria que a perícia coletasse provas técnicas”.
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