Há dez dias, o influenciador digital fitness Renato Cariani foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) à Justiça de São Paulo pelo crime de tráfico de drogas, associação ao tráfico e lavagem de dinheiro, após uma operação da Polícia Federal. Agora, novas informações da investigação foram reveladas e detalham a suposta ação de Cariani e de outras pessoas envolvidas no esquema.
De acordo com o Fantástico, da TV Globo, a PF encontrou novas evidências do caso no celular de uma funcionária e amiga dele, que ainda será investigada no caso. As mensagem ligariam ainda mais o influencer ao esquema de desvio de produtos químicos.
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O celular em que as conversas foram descobertas foi apreendido durante ação da PF que mirou 12 outras pessoas, além de Cariani.
O que já foi descoberto
O grupo “pelo menos sessenta vezes, produziram, venderam e forneceram, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, mais de doze toneladas de produtos químicos destinados à preparação de drogas”, segundo a denúncia do MPSP. A ação teria ocorrido entre 2014 e 2020.
Além disso, o grupo também teria dissimulado “os valores provenientes dos crimes de tráfico de drogas acima noticiados, por meio de depósitos em espécie realizados por interpostas pessoas, convertendo em ativo lícito o montante aproximado de R$ 2.407.216”.
Os documentos fraudulentos teriam sido emitidos para três empresas, uma delas a AstraZeneca, que fez a denúncia em 2019, e revelou que jamais adquiriu qualquer insumo da Anidro.
Cariani chegou a apresentar um e-mail à PF que seria da negociação com um representante da AstraZeneca, Augusto Guerra, mas a investigação descobriu que a pessoa não existe. Quem teria criado o e-mail seria Fábio Spíndola.
Novas mensagens encontradas
As conversas encontradas no telefone da funcionária de Cariani revelam que Fábio e Renato eram amigos próximos e viajaram juntos em 2015. As mensagens mostram como estavam sendo os preparativos.
“Você vai querer os dólares? O amigo do Fabinho vai acabar vendendo tudo e você vai ficar sem. Amanhã ele vai lá na empresa entregar os meus 2 mil dólares que comprei com amigo dele”, diz o influencer nas mensagens.
A viagem, segundo a PF, comprova que os dois eram amigos, além das imagens publicadas pelas esposas deles, juntas.
A relação entre os dois se estreita ainda mais quando Cariani pediu para Fábio encontrá-lo na sede da empresa Anidrol em maio de 2023. Neste mesmo dia, Fábio foi preso pela Polícia Federal por meio da Operação DownFall, que desarticulou um esquema de tráfico que colocava drogas em casos de navios.
Fábio teria ligações com o chefe da quadrilha, segundo a PF. “Fornecia contas bancárias de empresas sua e da sua esposa para movimentar esse dinheiro do tráfico", revelou o delegado da PF, Eduardo Verza.
As mensagens mostram também a ação do grupo e mais ligações entre Renato e Fábio, quando a funcionária manda mensagem para o marido, que também era da empresa, dizendo que teria que separar "um material da AstraZeneca", anexada com uma foto do veículo carregado.
A Justiça identificou que o veículo estava no nome da esposa de Fábio. No mesmo dia do carregamento, uma nota foi emitida com o nome da AstraZeneca para venda de éter e cloridato de lidocaína, mas o documento era fraudulento.
Outras revelações
Também foram encontradas mensagens entre Cariani e a funcionária em que ele pede dados de crianças com os dados dos pais que teriam sido usados para fraudar a compra de hormônio do crescimento.
Mensagens de 2008 mostram também que Cariani tinha amigos policiais. À época, a Polícia Civil tinha começado a investigar a denúncia, que posteriormente serviu de base para a investigação da PF. A PC então fez uma vistoria em uma empresa ligada à Anidrol, que também é de Renato, e a funcionária o alertou sobre o caso.
"Só para te avisar, seus amigos policiais estiveram aqui. Foi tranquilo. Ele diz que depois te liga”, disse a funcionária. Em reposta, Cariani disse: "Que bom que são meus amigos, querida”.
A defesa dos investigados
Ao Fantástico, a defesa de Fábio e da esposa, afirmam que ele é inocente e que tudo será esclarecido. Além disso, destacou que o nome da esposa nunca foi usado para transações.
Sobre o veículo registrado no nome da esposa, a defesa alegou que nunca foi usado para transporte de produtos químicos. Ambos são investigados no processo.
Cariani não se comentou diretamente sobre as novas descobertas da investigação mas a defesa dele elucidou algumas questões.
Sobre a relação de Cariani com Fábio, a defesa alega que a amizade nunca tinha sido negada, tendo os dois casas no mesmo condomínio e as esposas bem próximas.
Sobre o carro na garagem da Anidrol, a defesa diz que ficou surpresa com a informação e que não é a "prática de mercado cruzar placa do veículo e do comprador no momento do carregamento".
Na época da Operação da PF, Cariani disse que a investigação pegou ele e o sócio da empresa de surpresa.
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