Em pronunciamento nacional gravado e veiculado para a população na noite desta terça-feira (6/2), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que a vacinação contra a dengue no Brasil se dará de forma progressiva e, inicialmente, destinada para crianças de 10 a 14 anos. A chefe da pasta disse que o governo está atuando para ampliar a produção e distribuição dos imunizantes contra a doença e pediu a colaboração de governadores e de prefeitos para o combate à doença.
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“Várias cidades brasileiras estão enfrentando situação de emergência devido ao grande aumento dos casos de dengue. O calor recorde e as chuvas acima da média, desde o ano passado, aumentaram os focos do mosquito transmissor. Essa situação exige ações adicionais do governo federal, dos governadores, dos prefeitos e de toda a população. Esse é o momento de intensificar os cuidados e a prevenção”, disse.
Trindade lembrou que a vacinação se dará de forma progressiva, dado o número limitado de doses produzidas pelo laboratório fabricante. “Os critérios de distribuição inicial para um grupo de municípios foram baseados na incidência da doença e definidos pelo Ministério da Saúde e pelos Conselhos Nacionais de secretários de Saúde de estados e municípios. Dentre o grupo para o qual a vacina foi autorizada, serão imunizadas as crianças de 10 a 14 anos”, afirmou.
“Ao mesmo tempo, o Ministério da Saúde coordenará um esforço nacional para ampliar a produção e o acesso a vacinas. Convoco todas e todos para uma mobilização nacional, dos governos e da população para que, juntos, enfrentemos os atuais surtos e, em breve, possamos fazer para que dengue seja uma doença do passado”, completou.
A fala durou quatro minutos. Nísia Trindade ressaltou que, apesar da pouca quantidade de vacinas disponíveis, o país já está começando a imunizar alguns grupos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a pasta, o Brasil é o primeiro do mundo a oferecer o imunizante na rede pública. A ministra também afirmou que o governo está dando total prioridade para a situação e que ampliou em R$ 1,5 bilhão o repasse de recursos para estados e municípios.
Ela chamou atenção para a responsabilidade da população no combate à dengue.
“Da mesma forma, é essencial a ação das governadoras e dos governadores, apoiando o seus sistemas de saúde. E você, cidadão, também tem um papel decisivo na prevenção. Precisamos redobrar os cuidados com as nossas casas e nas áreas em volta delas. Cerca de 75% dos focos estão dentro de casa. Vamos tampar as caixas d’água, tampar o lixo corretamente, manter as vasilhas de água dos animais sempre limpas, guardar garrafas e pneus em locais cobertos”, disse.
A explosão de casos no país fez com que pelo menos quatro unidades da Federação — Acre, Minas Gerais e Goiás, além do Distrito Federal — decretassem situação de emergência em saúde pública. Além dos estados, a cidade do Rio de Janeiro também publicou um decreto nesta semana, em meio a 20.064 casos prováveis da doença contabilizados até 1º de fevereiro.
40 mortes
O Ministério da Saúde divulgou, nesta terça-feira, que o Brasil atingiu a marca de 40 mortes confirmadas por causa da dengue. Segundo a pasta, outros 265 óbitos estão em investigação para saber se há relação com a doença. Até o momento, há 364.855 casos prováveis em todo país.
Minas Gerais é a unidade da Federação com maior número de casos: 121.161 diagnósticos, sendo o segundo estado com maior coeficiente de incidência com 589,9 por 100 mil habitantes.
O Distrito Federal possui 47.224 infecções e está em primeiro lugar na incidência: 1.676,4 notificações por 100 mil habitantes. O Acre, com 4.139 casos prováveis, é o terceiro estado no registro de incidência com 498,7 a cada 100 mil pessoas.
Governo nega epidemia nacional
No último sábado, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, negou a existência de uma epidemia nacional de dengue no país. Ela afirmou que a proliferação da doença era em nível local. A declaração foi dada durante cerimônia de abertura do Centro de Operações de Emergência (COE), em Brasília.
"Temos situações epidêmicas, como é o caso do Rio de Janeiro, do Distrito Federal, Acre, Minas Gerais. Mas a dengue tem uma característica socioambiental, ou seja, que depende do fator mosquito e de condições de proliferação", disse.
"E, agora, temos concentração nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, mas isso não caracteriza um quadro de emergência nacional, quadro de epidemia nacional, mas de epidemia a nível local", completou a ministra na ocasião.