violência

SP: Operação Escudo chega a 38 mortos em menos de dois meses

Incursão na Baixada Santista é considerada a mais letal desde o massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 presos foram mortos depois de uma rebelião

Egresso da Rota, há poucos dias Derrite promoveu — com a aprovação do governador — troca nos comandos da PMSP por colegas de destacamento -  (crédito: Amanda Ramos/SSP)
Egresso da Rota, há poucos dias Derrite promoveu — com a aprovação do governador — troca nos comandos da PMSP por colegas de destacamento - (crédito: Amanda Ramos/SSP)

Com as quatro pessoas que morreram na noite de terça-feira, depois de uma troca de tiros com policiais militares em São Vicente, litoral de São Paulo, chega a 38 mortos, em menos de dois meses, a Operação Escudo em São Paulo. Segundo o secretário de Segurança do estado, Guilherme Derrite, a atuação ostensiva dos policiais não tem data para acabar na Baixada Santista.

A operação ganhou uma nova fase depois do assassinato do PM da Rota (Rotas Ostensivas Tobias Aguiar) Samuel Wesley Cosmo, de 35 anos — morto com um tiro no rosto durante patrulhamento em uma favela de palafitas na periferia de Santos. A câmera acoplada junto à farda registrou o exato momento em que ele foi atingido. Apesar de ter sido levado com vida por colegas à Santa Casa de Santos, não resistiu ao ferimento.

Na semana passada, o governador Tarcísio de Freitas promoveu a mudança em 34 postos de comando na PM, que passaram a ser ocupados por integrantes da Rota indicados por Derrite — que é egresso do destacamento. As alterações causaram incômodo dentro da corporação não somente por causa das trocas, mas, sobretudo, devido ao empoderamento de um setor da PM — justamente aquele que tem um histórico de violência policial.

O saldo parcial da Operação Escudo é considerado o mais letal da PM paulista desde o massacre do Carandiru, quando 111 presos do Pavilhão 9 da Casa de Detenção foram mortos depois de uma rebelião, em 2 de outubro de 1992. Tal número de mortos vem gerando questionamento de entidades ligadas aos direitos humanos, que apontam abusos dos policiais.

A Defensoria Pública de São Paulo, juntamente com a Conectas Direitos Humanos e o Instituto Vladimir Herzog, pediu, em 16 de fevereiro, à Organização das Nações Unidas (ONU), o fim da operação na região e o uso obrigatório de câmeras corporais pelos PMs. O governador Tarcísio pretendia suspender a utilização do equipamento, mas prorrogou o atual contrato até junho. O secretário Derrite é contrário às câmeras.

Ação no Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, depois que uma operação da PM contra a facção criminosa que domina os complexos de favelas do Alemão e da Penha deixou nove mortos, a corporação fez, ontem, nova incursão contra o mesmo grupo criminoso na Vila Aliança, em Bangu, na Zona Oeste da capital fluminense. Dessa vez não houve vítimas fatais, mas as forças de segurança encontraram, na entrada da comunidade, um ônibus e um caminhão de lixo servindo de barricadas.

Pelo menos 12 ruas também foram bloqueadas com pneus incendiados pelos criminosos. Três carros blindados da PM foram utilizados na operação. Em um dos acessos, as forças de segurança se depararam com uma estrutura de ferro pontiaguda, instalada para impedir a passagem dos veículos da polícia.

Nas redes sociais, a PM publicou fotos e vídeos da apreensão de fuzis e radiocomunicadores. O saldo das operações realizadas no estado este ano é de 107 fuzis apreendidos.

As incursões realizadas nas últimas 48 horas têm por objetivo prender chefes de uma das principais facções criminosas do país. Segundo as investigações, esses bandidos disputam território com milicianos e outros grupos de traficantes.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

 

 

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postado em 29/02/2024 03:55
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