Uma comitiva de ministros e autoridades governamentais estará em Boa Vista, nesta quinta-feira (29/2), para inaugurar a Casa de Governo no Estado de Roraima, órgão federal que vai coordenar o enfrentamento da crise humanitária que aflige a Terra Indígena (TI) Yanomami. O decreto de criação da estrutura unificada, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi publicado nesta quarta-feira (28), no Diário Oficial da União.
A Casa de Governo vai integrar a gestão das ações de ministérios, como Educação, Saúde, Povos Originários e Direitos Humanos, e de órgãos envolvidos com o problema, como Polícia Federal, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além de ministérios como Educação, Saúde, Povos Indígenas e Direitos Humanos.
- Governo admite ter falhado em solucionar crise do território Yanomami
- Mortes de ianomâmis crescem quase 6%; governo fala em subnotificação
Vinculada à Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento da Casa Civil da Presidência da República, a casa também será um canal de diálogo com lideranças ianomâmis. O objetivo, segundo a Casa Civil, é “assegurar a retomada do modo de vida indígena e o combate a ações ilícitas, como desmatamento e mineração ilegal”.
Outra atribuição da estrutura unificada é coordenar e monitorar a execução do Plano de Desintrusão e de Enfrentamento da Crise Humanitária na Terra Indígena Yanomami, em vigor desde o início do ano passado. De acordo com o decreto presidencial, o novo organismo de gestão também servirá como interlocutor entre o governo federal e os governos do estado e dos municípios de Roraima “na execução de políticas públicas emergenciais e permanentes, além de acompanhar a implementação e gerenciar crises relacionadas a elas”.
Crise humanitária
A crise humanitária na TI Yanomami foi só ganhou visibilidade após a troca de comando no governo federal, em janeiro do ano passado. Recém-empossado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou Roraima logo no primeiro mês de governo e o início imediato de ações de emergência para levar alimentos e atendimento médico às comunidades indígenas e retirar invasores das terras protegidas, como garimpeiros, madeireiros e pescadores ilegais. Apesar das ações da Polícia Federal e do Ibama para destruir as bases do garimpo no interior da floresta, o Ministério Público Federal alertou que “os esforços empreendidos pelos órgãos federais até o momento se mostraram ineficazes”, e exigiu um novo plano de atuação contra o garimpo ilegal na TI Yanomami.
O governo federal reservou R$ 1,2 bilhão do orçamento de 2024 para bancar o atendimento humanitário e as ações de desintrusão na terra indígena. Parte dos recursos será usada, também, na construção do primeiro hospital indígena em Boa Vista — com atendimento especializado de média e alta complexidades — e na implantação e reforma de 22 unidades básicas de saúde (UBS). Ainda estão previstas a ampliação e modernização da Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) de capital roraimense e a construção de um centro de referência contra desnutrição na região de Surucucu, principal base de apoio no interior da TI Yanomami.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br