O Ministério da Saúde determinou que serviços de saúde públicos e privados de todo país notifiquem compulsoriamente os casos de infecção pelo vírus Linfotrópico de Células T Humanas (HTLV) em gestante, parturiente ou puérpera e em criança exposta ao risco de transmissão vertical (da gestante para o feto).
“A notificação compulsória do HTLV permite estimar o número de pessoas com o vírus e a quantidade de insumos necessários, além de qualificar a rede de atenção para atendimento dessa população. No caso de notificação de crianças expostas, auxilia no monitoramento dos casos pela vigilância epidemiológica e o acompanhamento ambulatorial dessas crianças até a definição do estado sorológico”, explica a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.
Estima-se que, no Brasil, mais de 800 mil pessoas estejam infectadas com esse vírus — que é transmitido em relações sexuais sem preservativo e também via compartilhamento de seringas e agulhas. Também pode ser transmitido verticalmente, principalmente pela amamentação e, de forma mais rara, durante a gestação e no momento do parto.
Em casos graves, esse vírus pode gerar doenças neurológicas que comprometem o movimento das pernas.
Com a decisão do ministério, o HTLV passa a integrar a lista nacional de notificação compulsória de doenças, agravos e eventos de Saúde Pública.
"Recebemos essa notícia com muita alegria, são muitos anos sonhando e lutando para incluir o HTLV na lista nacional de notificação. Com as notificações vamos ter dados de uma prevalência mais real dos casos, incidência, distribuição geográfica, ocorrência de casos graves... E assim, vamos poder planejar melhor a ações de prevenção e assistência", declara Adijeane Oliveira, coordenadora-geral da Associação das Pessoas Vivendo com HTLV no Brasil (HTLVida). Ela ainda afirma que a atitude pode ajudar na luta para "investimentos em pesquisa voltada à vacina e controle do HTLV".
Brasil Saudável
O HTLV é considerado uma doença socialmente determinada, ou seja, que tem mais impacto em populações vulneráveis. No início do mês, o Ministério da Saúde lançou o programa Brasil Saudável, que concentra ações para eliminar ou diminuir essa enfermidades.
Em relação ao HTLV, a meta do ministério é eliminar a transmissão vertical (de mãe para filho) até 2030 — alinhando-se, assim, às diretrizes da Organização Mundial de Saúde, da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas e da Organização Pan-Americana da Saúde.
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