Fuga de presos

Caçada aos fugitivos em "terreno complexo"

Ricardo Lewandowski chega a Mossoró e reconhece dificuldades para capturar dupla que escapou de penitenciária federal

O ministro Lewandowski se reuniu com a governadora Fátima Bezerra, em Mossoró: "Possíveis falhas no presídio já estão sendo corrigidas" -  (crédito:  Jamile Ferraris/MJSP)
O ministro Lewandowski se reuniu com a governadora Fátima Bezerra, em Mossoró: "Possíveis falhas no presídio já estão sendo corrigidas" - (crédito: Jamile Ferraris/MJSP)

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, admitiu, neste domingo (18/2), que a operação de busca por Deibson Nascimento e Rogério Mendonça, criminosos associados à facção criminosa Comando Vermelho que escaparam da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), ainda não tem previsão para chegar ao fim. O ministro viajou à cidade potiguar para acompanhar de perto o cerco policial, que conta com cerca de 500 agentes de diversas forças de segurança. Além da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), policiais militares do Rio Grande do Norte, do Ceará e de Pernambuco participam da operação.

Em entrevista, após se reunir com a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), e com agentes da Polícia Federal, Lewandowski explicou que "possíveis falhas do presídio já estão sendo corrigidas para garantir a segurança máxima do local" e contou que as buscas se concentram em uma região de mata, o que dificulta os trabalhos. "O terreno é complexo, coberto por mata, em uma zona rural e com uma área extensa. Além de ter rodovias, existem vias e pequenas estradas. O local tem casas esparsas. É um trabalho de busca complexo", comentou ele.

 

 

Desde a Quarta-Feira de Cinzas, quando a dupla escapou das celas individuais por buracos feitos nas luminárias, helicópteros, drones, cães farejadores e outros equipamentos estão sendo empregados na procura dos dois fugitivos. À imprensa, Lewandowski foi cauteloso e não quis opinar sobre a possibilidade de facilitação de algum servidor da unidade prisional. "Todas as hipóteses estão sendo investigadas e virão a público no momento apropriado", declarou.

Ontem, policiais fizeram buscas ao redor da comunidade Juremal, na zona rural de Baraúna, município potiguar a cerca de 14 quilômetro da penitenciária federal, com o auxílio de cães farejadores. Os agentes, que contaram com o auxílio de moradores que conhecem melhor a área, informaram que possíveis vestígios, como pegadas, foram encontrados na área. Policiais e cães chegaram a entrar em uma residência na comunidade procurando por pistas. Há equipes de buscas também na região de Serra Mossoró, que já vem sendo vasculhada desde o começo da operação de recaptura. Além disso, fotos dos fugitivos foram espalhadas em diversos pontos das comunidades rurais que cercam o presídio.

Deibson e Rogério foram vistos na noite de sexta-feira, quando invadiram uma casa localizada a 3km da penitenciária e fizeram um casal refém. De acordo com uma das vítimas, um homem de 50 anos, a dupla levou comida e dois celulares — um deles chegou a fazer ligações por meio de aplicativo de mensagens para o Rio de Janeiro, perguntou se estava longe do litoral e qual seria a melhor rota para chegar ao Ceará.

"Caso pontual"

"Não há fragilidades no sistema penitenciário federal. Nós tivemos um caso pontual aqui na Penitenciária Federal de Mossoró que não vai se repetir", garantiu o ministro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não teve o mesmo cuidado e disse, aos jornalistas que o acompanham em Adis Abeba, capital da Etiópia, onde participou da 37ª Cúpula da União Africana, que "parece que teve a conivência de alguém".

"Eu não quero acusar, mas, teoricamente, parece que teve a conivência com alguém do sistema lá dentro. Como eu não posso acusar ninguém, eu sou obrigado a acreditar que uma investigação está sendo feita pela polícia local, pela Polícia Federal (PF), nos indique, amanhã ou depois de amanhã, o que aconteceu no presídio de Mossoró", pontuou Lula.

Sob pressão

Este é um momento delicado para o recém-empossado ministro Lewandowski, que é pressionado para dar uma resposta ao episódio, que é inédito desde a criação do sistema penitenciário federal, em 2006. "Obviamente que nós queremos saber como é que esses cidadãos cavaram um buraco e ninguém viu. Só faltaram contratar uma escavadeira", ironizou o presidente, que avaliou, ainda, que poderia ter ocorrido um "relaxamento" que possibilitou a fuga da dupla de detentos.

Em pronunciamento na semana passada, Lewandowski anunciou uma série de medidas que voltadas para a modernização dos mecanismos de segurança em unidades prisionais federais e prevenção de casos similares à fuga em Mossoró. Ontem, o ministro anunciou que a construção de muralhas nos presídios federais, a exemplo de Brasília, já estava em andamento e a obra começará justamente por Mossoró.

"As demais medidas que nós anunciamos, sensores de presença, reconhecimento facial, iluminação, câmeras, o incremento da inteligência, a contratação de mais policiais penais federais, isso tudo está sendo providenciado", antecipou.

Segundo ele, as falhas estruturais encontradas na unidade de segurança máxima são antigas e datam de 2006, quando foi construída. "Aqui em Mossoró, foram corrigidas imediatamente e nós estamos examinando se essas falhas estruturais se repetem também em outros presídios. É claro, aqui já estão sendo trocadas e reforçadas."

 

 

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postado em 19/02/2024 03:55 / atualizado em 19/02/2024 10:50
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