Após os quatro dias de carnaval, a quarta-feira de cinzas (14/2) marca o início da Quaresma no calendário cristão, e é caracterizada por ser um dia de jejum e abstinência de carne para os católicos. A tradição da celebração da data que antecede em 40 dias a Páscoa já passou por várias modificações até chegar ao modelo atual.
Desde os primórdios da Igreja Católica, no século I, os fiéis têm o costume de se preparar para a maior festa cristã, a Páscoa, que celebra a ressurreição de Jesus Cristo, com jejum e penitência. Nos primeiros séculos, a preparação acontecia durante os dois dias que antecediam a festa.
A partir do ano 325, com o Concílio de Nicéia, a Igreja reconheceu o período de 40 dias de preparação, simbolizando o tempo em que Cristo passou no deserto e os 40 anos nos quais o povo de Israel passou no deserto para chegar à Terra Prometida.
Como surgiram as cinzas?
A história revela que a tradição de imposição das cinzas na cabeça remonta ao início do cristianismo. No rito mais antigo, elas eram impostas na Quinta-feira Santa, quando os critãos se apresentavam ante a comunidade para receber o sacramento da Reconciliação.
No entanto, foi apenas a partir do século XII que a Igreja de Roma passou a impor as cinzas que eram feitas pela queima dos ramos de oliveira utilizados no ano anterior, na festa do Domingo de Ramos, que antecede em sete dias a Páscoa, no calendário litúrgico.
As cinzas simbolizam, para os cristãos, um sinal de humildade, além de recordar a origem da existência humana e o seu breve fim, como é citado no livro do Gênesis: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra” (Gn 2,7); “até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3,19).
A liturgia das cinzas prevê que elas sejam impostas na cabeça durante a missa, depois da homilia. Em um formato de cruz, o sacerdote fixa as cinzas e pronuncia as seguintes citações bíblicas: “Lembra-te de que és pó e ao pó voltarás” ou “Convertei-vos e crede no Evangelho”.
No Brasil
Além de marcar o início da quaresma, a quarta-feira de cinzas também representa o início da Campanha da Fraternidade no Brasil, que é organizada pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e não está diretamente vinculada à Igreja Católica. O início da campanha no país ocorreu em 1961.
Neste ano, o tema da Campanha da Fraternidade é "Fraternidade e Amizade Social", e o lema é "Vós sois todos irmãos e irmãs". De acordo com a CNBB, a campanha deste ano busca fazer um caminho quaresmal em três perspectivas:
- incentivar as pessoas a verem as situações de inimizade;
- impulsionar as pessoas a iluminar-se pelo Evangelho que as une como família;
- agir conforme a proposta da Quaresma de uma conversão constante, promovendo o esforço para uma mudança pessoal e comunitária.
O arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, incitou os fiéis a praticarem verdadeiramente a vivência do período quaresmal. “Significando este caminho de conversão que queremos trilhar, a Igreja coloca cinzas nas nossas cabeças fazendo-nos tomar consciência da nossa condição de fragilidade e de seres necessitados de conversão, de mudanças pequenas ou até mesmo de mudança de rumo nas nossas vidas”, escreveu Dom Paulo, para o folheto “O Povo de Deus”.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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