Ao cruzar a marca de meio milhão de casos de dengue, o Brasil consolida o avanço exponencial da doença. Da primeira semana de janeiro até ontem, houve aumento de 840% dos casos prováveis. O número de mortes confirmadas quase quintuplicou — de 16 para 75 pessoas no período — enquanto os óbitos em investigação subiram de 52 para 340. As informações são do Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde.
No ranking de incidência da doença por grupos de 100 mil habitantes, o Distrito Federal segue no topo da lista. Há um mês, a capital do país já estava em situação crítica, com incidência de 270 casos por 100 mil habitantes e 7,5 mil casos prováveis. Agora, o DF — em situação de emergência de saúde pública desde 25 de janeiro — vê um salto nos registros, com uma taxa quase 10 vezes maior (2.286). Ainda há 64,4 mil pessoas com sintomas de dengue em investigação.
- DF tem 13 mortes causadas pela dengue, segundo Ministério da Saúde
- Quase dez mil crianças foram vacinadas contra a dengue no DF
Minas Gerais vem na sequência dos estados com mais casos de dengue, com taxa de 836,3/100 mil habitantes. Tem ainda o maior número de casos prováveis: 171,7 mil. Os dois indicadores aumentaram quase 10 vezes em um mês e meio, quando a taxa de incidência estava em 84,3 e havia 17,3 mil suspeitas. Em 27 de janeiro, o estado decretou estado de emergência e, na semana passada, a prefeitura de Belo Horizonte reconheceu que a cidade vive uma epidemia. A Secretaria de Saúde de Minas Gerais informou que é o "segundo ano consecutivo de epidemia" da doença. No entanto, todas as semanas epidemiológicas, até o momento, já superaram os números de 2023.
A tendência, em todo o Brasil, é que a curva de casos cresça ainda mais nas próximas semanas, já que o pico da dengue está previsto para acontecer em março e abril. O Ministério da Saúde alertou que o país pode registrar, neste ano, recorde histórico de casos de dengue, com até 4,2 milhões de pessoas infectadas.
Na terceira posição de incidência de casos está o Acre (582/100 mil hab.), com 4,8 mil casos prováveis. O estado foi o primeiro a decretar situação de emergência pela doença, em 5 de janeiro, e ocupava, até a semana passada, o segundo lugar em incidência de casos (186), mas acabou sendo ultrapassado pelos números alarmantes de Minas Gerais.
Vacinação
O governo acriano confirmou que recebeu, ontem, o primeiro lote da vacina Qdenga. A vacinação terá início na sexta-feira nos municípios definidos pelo Ministério da Saúde. O governo de Goiás informou que começará a aplicar a Qdenga a partir de amanhã.
Na última sexta-feira, o Distrito Federal iniciou a vacinação oficial contra a dengue no Brasil, em crianças de 10 e 11 anos. Até o momento, já foram quase 10 mil crianças vacinadas. Na segunda-feira de carnaval, Mato Grosso do Sul começou a vacinação.
Entre os municípios, Dourados (MT) foi o primeiro no país a ofertar o imunizante contra dengue, em 3 de janeiro — a capital sul-mato-grossense fez uma parceria com o laboratório Takeda, que produz a vacina, para antecipar a campanha.
Apesar do nível preocupante de casos de dengue, Minas Gerais não foi incluído na primeira remessa da vacina Qdenga. Com demanda estimada de 1,32 milhão de doses para atender à fase inicial da campanha de vacinação, o ministério acabou recebendo do laboratório japonês apenas 712 mil doses e, por isso, precisou priorizar alguns locais e limitar a faixa etária. Ao todo, 521 municípios de 17 estados deverão receber as vacinas neste ano, porém, nesta etapa, só 315 cidades foram contempladas em 10 estados. De acordo com o ministério, conforme o recebimento dos imunizantes, a oferta será expandida para outros municípios e, também, para outras faixas etárias, até chegar aos adolescentes de 14 anos, ainda neste ano.
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