Carnaval 2024

Mãe de Marielle Franco desfila pela Portela com familiares de vítimas da violência

A escola homenageou dezesseis mães que perderam os filhos vítimas de violência no Rio. Elas desfilaram na última ala, em um carro decorado com borboletas

Marinete e outras 15 mães que perderam os filhos vítimas de violência no Rio de Janeiro foram homenageadas pela Portela -  (crédito: Reprodução/TV Globo)
Marinete e outras 15 mães que perderam os filhos vítimas de violência no Rio de Janeiro foram homenageadas pela Portela - (crédito: Reprodução/TV Globo)

A escola Portela homenageou dezesseis mães que perderam os filhos vítimas de violência no Rio de Janeiro, entre elas Marinete Silva, mãe da vereadora Marielle Franco, que foi assassinada em março de 2018. Na última ala, em um carro decorado com borboletas, cada mãe carregava um objeto que lembrava os filhos. Marinete segurava uma bandeira com os dizeres: "Marielle vive". A ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, Anielle Franco, comentou: "Vive para sempre em nós".

"Que emoção ver minha mãe e tantas outras mulheres que também perderam seus filhos homenageadas por esse enredo da Portela, tendo suas lutas representadas na Sapucaí. Seguiremos daqui honrando sempre a memória e legado da Mari", acrescentou Anielle.

No segundo dia de desfile do Grupo Especial, a agremiação carioca apresentou o enredo Um defeito de cor, baseado no livro homônimo de Ana Maria Gonçalves. No romance, Kehinde, uma mulher escravizada na África, procura um filho perdido, que seria Luiz Gama, famoso abolicionista, jornalista, poeta e advogado brasileiro. Os carnavalescos Antônio Gonzaga e André Rodrigues propuseram outra perspectiva da história.

No samba, é Luiz Gama, representado pelo ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, que escreve uma carta para a mãe e expressa orgulho pela trajetória de luta e resistência, destacando que o afeto foi fundamental na vida dele. A ideia é homenagear a ancestralidade feminina negra.

Veja a letra do samba-enredo:

O samba genuinamente preto

Fina flor, jardim do gueto
Que exala o nosso afeto
Me embala, ô Mãe, no colo da saudade
Pra fazer da identidade nosso livro aberto

Omoduntê, vim do ventre do amor
Omoduntê, pois assim me batizou
Alma de Jeje e a justiça de Xangô
O teu exemplo me faz vencedor

Sagrado feminino ensinamento
Feito águia corta o tempo
Te encontro ao ver o mar
Inspiração a flor da pele preta
Tua voz, tinta e caneta
No azul que reina Iemanjá

Salve a Lua de Benim
Viva o povo de Benguela
Essa luz que brilha em mim
E habita a Portela
Tal a história de Mahin
Liberdade se rebela
Nasci quilombo e cresci favela

Salve a Lua de Benin
Viva o povo de Benguela
Essa luz que brilha em mim
E habita a Portela
Tal a história de Mahin
Liberdade se rebela
Nasci quilombo e cresci favela

Ora yê yê, Oxum, Kalunga
É mão que acolhe outra mão, macumba
Teu rosto vestindo o adê
No meu alguidar tem dendê
O sangue que corre na veia é Malê

Em cada prece, em cada sonho, nega
Eu te sinto, nega
Seja onde for
Em cada canto, em cada sonho, nego
Eu te cuido, nego
Cá de onde estou

Saravá, Kehinde
Teu nome vive
Teu povo é livre
Teu filho venceu, mulher
Em cada um de nós
Derrame seu axé

Saravá, Kehinde
Teu nome vive
Teu povo é livre
Teu filho venceu, mulher
Em cada um de nós
Derrame seu axé

O samba genuinamente preto
Fina flor, jardim do gueto
Que exala o nosso afeto
Me embala, ô Mãe, no colo da saudade
Pra fazer da identidade nosso livro aberto

Omoduntê, vim do ventre do amor
Omoduntê, pois assim me batizou
Alma de Jeje e a justiça de Xangô
O teu exemplo me faz vencedor

Sagrado feminino ensinamento
Feito águia corta o tempo
Te encontro ao ver o mar
Inspiração a flor da pele preta
Tua voz, tinta e caneta
No azul que reina Iemanjá

Salve a Lua de Benin
Viva o povo de Benguela
Essa luz que brilha em mim
E habita a Portela
Tal a história de Mahin
Liberdade se rebela
Nasci quilombo e cresci favela

Salve a Lua de Benim
Viva o povo de Benguela
Essa luz que brilha em mim
E habita a Portela
Tal a história de Mahin
Liberdade se rebela
Nasci quilombo e cresci favela

Ora yê yê, Oxum, Kalunga
É mão que acolhe outra mão, macumba
Teu rosto vestindo o adê
No meu alguidar tem dendê
O sangue que corre na veia é Malê

Em cada prece, em cada sonho, nega
Eu te sinto, nega
Seja onde for
Em cada canto, em cada sonho, nego
Eu te cuido, nego
Cá de onde estou

Saravá, Kehinde
Teu nome vive
Teu povo é livre
Teu filho venceu, mulher
Em cada um de nós
Derrame seu axé

Saravá, Kehinde
Teu nome vive
Teu povo é livre
Teu filho venceu, mulher
Em cada um de nós
Derrame seu axé

Em cada um de nós
Derrame seu axé
Em cada um de nós
Derrame seu axé

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postado em 13/02/2024 09:06
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