Coberta com camadas de gelo e neve, mesmo durante o verão, a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) completou, nesta terça-feira (6/2), 40 anos de presença brasileira no ponto mais austral do globo. A moderna base brasileira foi reinaugurada em 2020, após 8 anos em obras que recuperaram o local de um incêndio que destruiu 70% do local em 2012.
A base anterior, utilizada por pesquisadores brasileiros desde 1984, ano de chegada do país no continente, era bem menor, mas já colocava o Brasil no pequeno grupo de 29 nações que têm bases científicas no continente gelado. Quarto maior continente do planeta, a Antártida, onde está localizado o Polo Sul, é um dos lugares mais gelados do planeta, com temperaturas que podem chegar a -65ºC, mas já tendo registrado o recorde de -89ºC.
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Os territórios antárticos só podem ser utilizados para fins de exploração científica, em regime de cooperação internacional, conforme o tratado assinado em 1959 por doze países, do qual o Brasil se tornou subscritor em 1975. Nove anos depois, em 1984, o país inaugurou a base de pesquisa científica.
O Brasil desenvolve pesquisas para as áreas da medicina, agricultura e engenharia na região. Desde a elaboração de medicamentos, o estudo de novos defensivos até a fabricação de produtos industriais imunes às baixas temperaturas. Os pesquisadores também têm grande interesse nas pesquisas sobre o clima no continente, já que a Antártida tem grande influência no clima de todo o território da América do Sul.
“A existência da Estação Antártica é fundamental para que nós consigamos ter apoio para a coleta e análise das nossas amostras. Então, ela funciona como um porto seguro para realização dos estudos. Com as instalações avançadas, ela garante a execução dos trabalhos in loco”, destacou Moacyr Araújo, coordenador do Projeto Mephysto e vice-reitor da Universidade Federal de Pernambuco.
A estação hoje dá suporte para 15 dos 24 projetos de pesquisa da 42ª Operação Antártica, organizada pelo Programa Antártico Brasileiro, gerenciado pela Marinha. A tripulação da base conta com biólogos, oceanógrafos, médicos e pesquisadores de outros campos em um total de 63 pesquisadores que devem estar na base até o fim da operação deste ano. Entre eles, cinco cientistas são estrangeiros, incluindo três mulheres, uma de nacionalidade chilena, uma equatoriana e outra iraniana.
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A base é mantida pela Marinha e fica localizada na Ilha Rei George, Baía do Almirantado, e além dos pesquisadores reúne militares responsáveis pela operação da estação.
“Ao longo dos últimos 40 anos, os trabalhos realizados na Estação Antártica Comandante Ferraz se consolidaram em pesquisas transdisciplinares e interinstitucionais, permitindo a realização de ciência de forma colaborativa e participativa, em cooperação nacional e internacional”, destacou o chefe da base, Wagner Oliveira Machado, capitão de fragata da Marinha do Brasil.
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