Saúde

Em emergência, Rio abre polos de atendimento de dengue

Observatório Epidemiológico da prefeitura carioca registra 11.202 casos de dengue somente em 2024. Agora, a capital fluminense soma-se a AC, DF, MG e GO na lista de unidades da Federação em estado de emergência

Profissional de saúde se prepara para iniciar atendimentos no novo posto de Curicica, na Zona Oeste do Rio -  (crédito:  Edu Kapps/Prefeitura do Rio)
Profissional de saúde se prepara para iniciar atendimentos no novo posto de Curicica, na Zona Oeste do Rio - (crédito: Edu Kapps/Prefeitura do Rio)

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), anunciou, nesta segunda-feira (5/2), que a cidade entrou em estado de emergência na saúde pública por causa da dengue. A medida foi publicada no Diário Oficial do município e vem em resposta ao alarmante aumento no número de casos e de internações.

Também na segunda-feira, a prefeitura do Rio abriu o primeiro dos 10 polos de atendimento a pacientes com dengue previstos no plano de enfrentamento da doença. Os polos ficarão abertos de segunda a sábado, mas, no carnaval, irão funcionar 24 horas por dia.

De acordo com dados do Observatório Epidemiológico da prefeitura carioca, foram registrados 11.202 casos de dengue somente em 2024. O número representa uma elevação em relação ao total de casos de todo o ano anterior, com 22.959 registros. Agora, a capital fluminense soma-se ao Acre, ao Distrito Federal, a Minas Gerais e a Goiás na lista de unidades da Federação em estado de emergência.

Até segunda-feira, o Brasil registrou mais de 345 mil casos prováveis de dengue. Foram confirmadas 36 mortes decorrentes da doença, enquanto 234 estão sendo investigadas. As informações são do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, atualizado.

Até o fim da semana passada, o painel havia contabilizado 262 mil casos prováveis de dengue — o aumento de casos, em apenas quatro dias, ficou em 31%, enquanto o número de mortes estava em 29 óbitos, com mais 173 em investigação.

O Distrito Federal segue liderando a taxa de incidência por 100 mil habitantes, com 1.625,2 casos em cada grupo de de 100 mil pessoas. Na sequência, estão Minas Gerais (547), Acre (505,5) e Paraná (358,5). Desses, apenas o último não decretou estado de emergência. O Rio de Janeiro ocupa a 7ª posição no ranking de incidência.

Apesar da situação nacional, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, descartou uma epidemia nacional, em declaração dada no domingo, na cerimônia de abertura do Centro de Operações de Emergência (COE) contra a dengue, no DF.

Esquema de vacinação

O combate à dengue no Brasil ganha um aliado com a disponibilização de vacinas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, o país conta com a vacina Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica Takeda, como uma medida para prevenir a propagação da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O imunizante é aplicado em duas doses, com intervalo de três meses entre elas, e tem como público-alvo crianças e jovens entre 10 e 14 anos de idade.

Segundo o Ministério da Saúde, mais 568 mil doses devem ser entregues em fevereiro. A ministra afirmou que a distribuição, pelo SUS, deve começar ainda nesta semana aos 521 municípios selecionados pelo governo federal.

O Correio entrou em contato com as secretarias de Saúde dos estados com maior número de municípios que irão receber as doses da QDenga. Contudo, Goiás, estado que receberia a maior quantidade — com 134 municípios na lista de prioridade —, informou que não há definição da quantidade nem da data para o recebimentos das doses.

"O Ministério da Saúde, em reunião com as secretarias estaduais de Saúde, informou que, a partir desta semana, repassará às unidades da Federação uma nota de distribuição das vacinas de dengue. Não há, contudo, a definição de data para o recebimento das doses ou o quantitativo até o momento. Estamos aguardando as informações e doses do MS", informou o órgão, ao Correio.

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, que teria a dose da vacina disponibilizada em 12 de seus municípios, afirma que vai iniciar a vacinação de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos contra a dengue nos municípios quando os imunizantes forem liberados pelo Ministério da Saúde.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informa que aguarda o alinhamento do Ministério da Saúde para definir as ações com relação à vacinação contra a dengue e o número de doses a serem distribuídas. A previsão é que a imunização desse público tenha início em fevereiro, segundo o órgão federal.

O Brasil se tornou o primeiro país a disponibilizar vacinas contra a dengue no sistema público de saúde. O investimento do SUS na aquisição da vacina Qdenga foi a maior aquisição do imunizante no mundo. Com o apoio do Ministério da Saúde, instituições como a Fiocruz estão se comprometendo a aumentar a produção e distribuição de vacinas, garantindo que a população tenha acesso a essa proteção. Para 2024, foram adquiridas 6,5 milhões de doses, com previsão de mais 9 milhões para 2025 à saúde pública. (Colaborou Mayara Souto)

*Estagiária sob a supervisão de Vinicius Doria

 


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postado em 06/02/2024 03:55
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