O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, se reuniu, ontem, no Palácio do Planalto, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para conversar, principalmente, sobre doenças que atingem as populações mais pobres, apesar de a medicina já ter vacinas desenvolvidas para boa parte delas, como a dengue. Os dois também trataram do apoio do Brasil à organização.
Adhanom chegou ao encontro com Lula acompanhado da ministra da Saúde, Nísia Trindade, que, mais cedo, apresentou ao diretor da organização o plano do governo brasileiro para a eliminação de doenças determinadas socialmente.
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"Encontrei-me com o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, e conversamos sobre os esforços internacionais para a erradicação de doenças para as quais já existem vacinas, e para fazer remédios mais acessíveis. Além disso, tratamos de medidas necessárias para a prevenção e, se necessário, o enfrentamento de futuras pandemias", disse Lula em uma rede social.
O motivo da visita de Adhanom ao Brasil, que chegou ontem e fica até amanhã, foi o lançamento do programa que busca erradicar doenças relacionadas à vulnerabilidade social, como tuberculose, malária, hanseníase, doença de Chagas, além das doenças transmitidas de mãe para filho, como o HIV. O diretor-geral garantiu que a OMS dará todo o apoio possível ao Brasil e que trabalhará com o país na eliminação dessas doenças. Amanhã, ele participará, com a ministra Nísia, do lançamento do Programa Nacional para a Eliminação de Doenças Determinadas Socialmente.
Lula e Adhanom também conversaram sobre outros temas de importância estratégica para o país, como uma parceria para o fornecimento de vacinas brasileiras contra a dengue, o desenvolvimento do polo industrial brasileiro da saúde e a atuação do Brasil na presidência temporária do G20 em relação à área da saúde.
Para o diretor da OMS, o Brasil pode ser um fornecedor de insumos e imunizantes, produzidos tanto pelo Instituto Butantan quanto pela Fiocruz. Ele também apontou que espera o apoio brasileiro nas ações conjuntas dos países membros da OMS voltadas para a prevenção e o enfrentamento de futuras pandemias. A OMS busca construir uma melhor coordenação entre as nações em casos de emergências sanitárias globais, como na pandemia de covid-19. Uma proposta para essas diretrizes está em discussão na OMS, o Instrumento internacional para prevenção, preparo e resposta a pandemias, no qual o Brasil atua como representante das Américas no grupo responsável pela coordenação dos trabalhos, mas a proposta vem enfrentando resistência de alguns países associados.
Adhanom agradeceu o apoio do presidente Lula e pediu que o G20 paute a discussão sobre o financiamento da saúde e da própria OMS. Lula apontou que considera ser necessário construir uma melhor política tributária, que possa ampliar o financiamento do setor.
"Muito obrigado, presidente Lula, pela sua hospitalidade e pela excelente discussão sobre a importância do Acordo Pandêmico para a segurança sanitária global, o financiamento sustentável para OMS e a necessidade de acabar com a pobreza como um dos principais impactos a alcançar a saúde para todos. Aproveitei a oportunidade para agradecer ao presidente por manter a saúde no topo da agenda do G20", agradeceu o diretor-geral.
Além de Adhanom, participou do encontro com o presidente o diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa. Esse foi o segundo encontro de Lula com o diretor-geral da OMS — os dois já tinham se reunido, em setembro, em Nova York, na 78º Assembleia Geral da Nações Unidas — e marcou mais uma distinção do atual governo com o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que, na pandemia, foi um dos maiores críticos da atuação da OMS e do diretor-geral.
O senador Humberto Costa (PT-PE), que foi ministro da Saúde no primeiro governo Lula, fez questão de destacar o encontro."A saúde tem um papel central no nosso governo. O tempo da anticiência e do negacionismo acabou", disse o parlamentar.
Na mesma linha, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, aproveitou o encontro com Adhanon para alfinetar a oposição. "Século 21, pós-pandemia da covid-19, ainda tem gente no mundo político que tem coragem e desfaçatez de fazer campanha contra a vacina. Olha a nossa resposta: hoje, o presidente Lula e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, receberam o diretor-geral da OMS. Um símbolo, na prática, de que o Brasil voltou a ser uma referência mundial de vacinação", disse Padilha, em vídeo, nas redes sociais.
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