A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) lançou, nesta quinta-feira (1º/2), a Campanha de Prevenção e de Combate ao Câncer de Pênis. De 2011 a 2021, a doença causou a morte de, ao menos, quatro mil vítimas no país e, entre 2013 e 2023, causou a amputação do órgão genital de 6.456 pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil registrou, entre 2012 e 2022, 21.766 casos de câncer de pênis, e apresentou uma média anual de 600 amputações penianas entre 2013 e 2023. Essa é a quarta edição da campanha, que marcará a passagem do Dia Mundial de Combate ao Câncer, no próximo domingo (4/2).
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À Agência Brasil, o presidente da SBU, Luiz Otávio Torres, afirmou que mais da metade dos homens diagnosticados com a doença já estavam em fase avançada do câncer. Ele explicou que, na maioria dos casos, o câncer pode ser evitado com a correta higienização do pênis, afirmando que esse é o único tipo de câncer que pode ser prevenido com água e sabão.
Torres disse, ainda, que a doença tem maior incidência nas regiões Norte e Nordeste e que está muito relacionada ao nível sócio econômico.
Sinais da doença
Segundo o Dr. Antônio Brunetto Neto, que é especialista em Urologia Oncológica do Centro de Oncologia do Paraná (COP), é muito importante que pessoas com pênis se atentem, entre outras coisas, a lesões na genitália que persistam por mais de quatro semanas e que procurem um urologista em caso de suspeitas.
“É muito comum que, às vezes, apareça uma ferida, uma casquinha, um nódulo e que acaba desaparecendo sozinho ou com algum tratamento automedicado. As lesões que persistem precisam ser acompanhadas por urologista e, na suspeita, vai ser feita uma biópsia. As formas de apresentação dessa lesão podem ser as mais diversas possíveis, pode parecer como uma casquinha, como uma verruga mais infiltrativa, como uma úlcera — que é uma ferida — e, às vezes, isso pode aparecer no prepúcio ou na glande”, explicou.
O especialista defende a importância de um diagnóstico precoce em busca de um tratamento menos invasivo e afirma que, se descoberto em estágios iniciais, o câncer pode vir a ser tratado até mesmo sem a necessidade de uma intervenção cirúrgica.
“Se diagnosticado no princípio, você consegue tratar sem muitas sequelas pro homem e infelizmente grande parte dos casos chega em estágio avançado, em que, muitas vezes, é necessário fazer a remoção. Assim como todo o câncer, quanto mais tardio o diagnóstico, mais complexo é o tratamento. Quando você tem uma lesão muito superficial nas camadas superficiais do pênis, às vezes você pode fazer só uma aplicação de uma pomada. Às vezes, essa lesão está no prepúcio, você faz só a cirurgia da circuncisão ou mesmo uma inserção pequena, sem ter uma mutilação, sem ter uma alteração muito grande na anatomia e na função do órgão”, ressaltou.
Assim como a SBU, Antônio Brunetto Neto ressaltou a importância de se evitar o tabagismo — que pode vir a ser um catalisador para a doença — e da vacinação contra o HPV, que é um dos maiores causadores do câncer de pênis. Apesar de ter realização voltada ao público jovem, antes do começo da vida sexual, a vacina também pode ser tomada por adultos.
“Existem diversos sorotipos do HPV e alguns deles estão mais relacionados com o câncer. Então sim, mesmo para quem já teve exposição sexual, esse paciente pode não ter tido contato com alguns sorotipos do HPV e,assim, ele pode tomar a vacina. Mas hoje, a indicação e a diretriz é de que seja realizada nos jovens”, esclareceu.
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