Investigação

Polícia quer cassar registro de dentista suspeita de deformar pacientes

Hellen Kacia Matias da Silva foi presa preventivamente na terça-feira (30/1) por exercício ilegal da profissão e por execução de serviço de alta periculosidade

A Polícia Civil irá pedir a perda do registro profissional e a intervenção definitiva da clínica da dentista Hellen Kacia Matias da Silva, uma vez que ela está presa suspeita de operar procedimentos estéticos invasivos que não são da competência de dentistas — e são inclusive vedados pelo Conselho Federal de Odontologia.

De acordo com a delegada responsável pelo caso, Débora Melo, Hellen estava impedida judicialmente de realizar cirurgias faciais desde novembro do ano passado, mas descumpriu a decisão judicial e, dessa forma, houve regressão de pena para a prisão preventiva. As informações são da TV Anhanguera.

Em nota enviada ao Correio, a defesa da dentista afirmou que a prisão da profissional foi feita de forma arbitrária e injusta, uma vez que Hellen não descumpriu a determinação judicial que a proibia de realizar cirurgias faciais. Além disso, afirma que as imagens que estão sendo veiculadas como trabalhos de Hellen não foram realizadas por ela.

"A profissional - que tem a especialidade buco maxilo facial, realizou, após o dia 22 de novembro, procedimento reparador e não estético, dentro da competência da especialidade da profissional. [...] A defesa reitera que o procedimento foi reparador, uma sutura feita na paciente para sanar uma intercorrência ocasionada por cirurgia prévia realizada por outra profissional e não uma blefaroplastia, como consta nos autos e no próprio depoimento da paciente".

O Conselho Regional de Odontologia de Goiás alegou em nota que "medidas administrativas pertinentes estão sendo tomadas, obedecendo o devido sigilo aplicável ao caso".

A audiência de custódia de Hellen será realizada às 17h desta quarta-feira (31/1), de acordo com informações obtidas pelo Correio.

Entenda o caso

Reprodução/Instagram - dentista hellen kacia

A investigação da dentista começou em setembro de 2023 pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor, que recebeu denúncias de Hellen e outros três médicos estavam exercendo ilegalmente a medicina.

Segundo a delegada Débora Melo, os procedimentos estéticos feitos pela dentista eram anunciados nas redes sociais em valores abaixo do mercado. Em seu perfil no Instagram, Hellen mostrava resultados positivos das operações e prometia beleza e rejuvenescimento. Além disso, ministrava cursos para que outros profissionais da saúde realizassem as cirurgias sob sua "supervisão". O perfil de Hellen, que possuía mais de 650 mil seguidores, foi desativado. O da clínica, porém, segue no ar.

Na primeira fase da operação, a polícia encontrou instrumentos cirúrgicos, anestésicos e medicamentos vencidos na clínica da profissional. Em novembro de 2023, os oficiais cumpriram mandado de busca e apreensão na clínica e apreenderam celulares usados para falar com pacientes e prontuários médicos.

Nas conversas com clientes, a Polícia Civil encontrou um grande número de pessoas que ficaram com os rostos deformados e reclamavam com a profissional de inflamações, cicatrizes e assimetria nos resultados.

"A análise do celular e dos prontuários dos pacientes indicou o cometimento desses crimes contra pessoas muitas vezes humildes, que juntavam dinheiro para fazer uma cirurgia estética, que não tinham conhecimento que a profissional não tinha atribuição e que ficaram deformadas", disse a delegada.

Polícia Civil/Divulgação - pacientes dentista hellen kacia

Foram colhidos 13 depoimentos de vítimas da dentista e também de ex-funcionários do instituto, que disseram que Hellen tratava os pacientes com descaso e não aceitava qualquer crítica ao seu trabalho.

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