TRAGÉDIA ÁREA

Avião que caiu no interior de MG teria partido ao meio?

'Somente depois de investigação será possível saber', diz especialista; queda de avião, apurada pelo Cenipa, matou sete pessoas no Sul de Minas

O avião modelo Piper, prefixo PS-MTG, que caiu na manhã desse domingo (28/1), na Zona Rural de Itapeva, no Sul de Minas, deixando sete mortos (todos seus ocupantes), teria se desintegrado no ar. Mas como realmente a aeronave partiu ao meio e as causas do acidente somente poderão ser esclarecidas após uma investigação com mais profundidade.

A opinião é do perito em aviação e piloto Jorge Lúcio, também instrutor de voo de avião e helicóptero e em mais quatro décadas na área. “Qualquer afirmação (sobre as causas da tragédia) nesse momento é só especulação”, diz o especialista ao Estado de Minas.

Nesta segunda-feira (29/1), o Centro Nacional de Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenips) informou que encaminhou uma equipe a Itapeva para averiguação de coleta de dados “in loco”, visando levantar as causas do acidente aéreo. O órgão afirma que o resultado do trabalho investigado sairá dentro do “menor prazo possível”, mas ainda sem data definida.

“A conclusão das investigações terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”, informou o Cenipa, por meio de nota.

“Na minha opinião, qualquer afirmação nesse momento é só especulação. Primeiro, porque não houve testemunha do acidente. O avião voava acima ou dentro da camada de nuvens, numa situação de mau tempo. Ninguém viu o que aconteceu na hora do acidente. Só viram uma asa – e foi filmado uma asa já caindo, e depois o resto dos destroços acompanhando”, afirma Mário Lúcio.

“No momento do acidente, o teto (de nuvens) era baixo, e, com certeza o avião estava voando por instrumentos em altitude bem acima do teto, como é o padrão para este tipo de voo”, diz o especialista. “Então, qualquer avaliação agora sobre as causas da queda da aeronave é pura especulação”, completa.

Ele salienta que “quem vai determinar a situação, se o motor do avião estava funcionando ou não”, é o Cenipa, o órgão responsável pelas investigações das causas de acidentes aéreos no Brasil. “O Cenipa é que vai ter meios de fazer todo levantamento sobre que aconteceu. Muito provavelmente, o avião entrou numa situação de turbulência extrema, (em que) o tempo não era favorável. Mas, sobre o que aconteceu mesmo, quem está do lado de fora não tem a menor condição de dar uma opinião”, avalia o perito em aviação.

Jorge Lúcio ressalta que “por mais especialista que a pessoa seja”, para saber as causas do acidente com o avião no Sul de Minas, ela terá que fazer uma análise criteriosa e demorada dos restos que sobravam da aeronave, com todas a informações puderem ser levantadas. “Somente assim, poderá ser feita uma avaliação do que possa se aproximar da realidade. Fora disso, não passa de especulação falar que o aviação partiu ao meio ou que o motor cessou”.“Temos que aguardar o resultado da investigação do Cenipa”, conclui o especialista.

De acordo com o Cenipa, uma equipe de investigadores Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa III), unidade regional do órgão no Rio de Janeiro, deslocou até Itapeva para realizar a “Ação Inicial da ocorrência realizar a Ação Inicial da ocorrência envolvendo a aeronave de matrícula PS-MTG”.

“Na Ação Inicial, são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e confirmação de dados, a preservação dos elementos da investigação, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias ao processo de investigação”, informou o Cenipa por meio de nota.

Os mortos no acidente de avião

Morreram na queda do avião no Sul de Minas: o empresário Marcílio Franco da Silveira, de 42 anos, sua esposa, Raquel Souza Neves Silveira, de 40, o filho do casal Antônio, de apenas 2 anos, o também empresário André Rodrigues do Amaral, de 40, sócio de Marcílio na empresa Credifranco, e a mulher dele, Fernanda Luiza Costa Amaral, de 38, além do piloto da aeronave, Jeberson Henrique Tadeu Chagas Pereira, e o copiloto, Gabriel de Almeida Quintão Araújo, de 25.

Os corpos das sete vítimas foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Pouso Alegre, no Sul do estado, no dia acidente. Mas deverão ser encaminhados para exames periciais no Instituto Médico Legal Dr. André Roquete (IML), em Belo Horizonte, ainda nesta segunda-feira (29/1). Ainda não houve definição quanto à data e horário dos velórios e sepultamentos das vítimas.

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