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Brumadinho: parentes ainda esperam punição de empresas

Ao completar cinco anos do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, que matou 270 pessoas, famílias das vítimas e moradores da cidade lastimam que as firmas envolvidas e seus dirigentes continuem impunes

Isabel Dourado*

A tragédia de Brumadinho (MG) completa cinco anos hoje e, para a Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum), nem mesmo os cerca de 20 mil acordos de indenização que foram fechados diminuem o sofrimento das famílias. A entidade cobra das autoridades a responsabilização das empresas apontadas como culpadas pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão.

Em 25 de janeiro de 2019, às 12h28, a estrutura construída para suportar os rejeitos de mineração colapsou. Com o rompimento, tudo que havia pela frente foi engolido por ondas de lama. O saldo foi a morte de 272 pessoas.

"Até hoje, ninguém foi punido ou responsabilizado pela justiça por essa bárbara tragédia-crime. Exigimos a responsabilização das empresas Vale e Tüv Süd, em todas as esferas, seja no Brasil ou no exterior", protestou a Avabrum nas redes sociais.

Por conta da impunidade, a associação promove, hoje, uma manifestação em que pede justiça pelas mortes e pela devastação ambiental causada pelo rompimento da barragem. Os rejeitos de mineração se arrastaram por 400km do rio Paraopebas, afetando um total de 26 municípios e 131 comunidades — aproximadamente 27,6 mil km² poluídos.

De acordo com as investigações, tanto a Vale (responsável pela mina) quanto a Tüv Süd (empresa que atestou a segurança da barragem) sabiam dos riscos de rompimento.

Segundo a Defensoria Pública, até dezembro passado foram fechados 20.806 acordos de indenização, orçados em aproximadamente R$ 1,3 bilhão. Esse montante, porém, não inclui as indenizações trabalhistas dos trabalhadores que foram engolidos pelas ondas de lama — foram selados 2.509 acordos, que pagaram às vítimas R$ 1,2 bilhão.

O promotor Francisco Generoso, que atua no caso, frisou que documentos apreendidos mostram que foi feito um cálculo sobre os riscos do rompimento da barragem. "É ilícito? Não. O problema é quando esse instrumento de decisão se presta a fundamentar a decisão entre o que fica mais barato: investir em segurança ou arcar com os custos da indenização", destacou.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

 

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