O desmatamento em áreas protegidas da Amazônia caiu quase quatro vezes (73%) em 2023, na comparação com 2022. A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro e abrange a área de 9 estados — Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), no ano passado a devastação em Unidades de Conservação (UCs), juntamente com as Terras Indígenas (TIs) localizadas na região, atingiu 386 km². Trata-se do menor índice desde 2013, quando foram desmatados 178 km².
O Imazon revela ainda que, em 2022, o desmatamento de áreas protegidas da região chegou a 1.431 km², número bastante próximo aos observados desde 2019, ano em que foi percebido o início de uma alta que se manteve até dois anos atrás.
No total, foram 1.460 km² de áreas protegidas desmatadas em 2021; 1.369 km², em 2020 e 1.222 km², em 2019. Entre 2012 e 2018, o ano em que se observou maior quantidade de áreas protegidas devastadas foi 2018 (721 km²).
Carlos Souza, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, explica que a destruição dentro de Terras Indígenas e Unidades de Conservação, em grande parte das vezes, ocorre por invasões legais.
“A redução expressiva do desmatamento em áreas protegidas é muito positiva, pois são territórios que precisam ter prioridade nas ações de combate à derrubada. Isso porque, na maioria das vezes, a devastação dentro de TIs e UCs significa invasões legais que levam a conflitos com os povos e as comunidades tradicionais que residem nesses territórios.”
O pesquisador aponta também que, apesar da queda geral no desmatamento, algumas áreas protegidas sofreram um aumento na destruição, motivo pelo qual devem ser foco de ações urgentes neste ano.
Destruição em TIs
Igarapé Lage, em Rondônia, foi a região mais atingida. Lá, o desmatamento cresceu 300%, passando de 2 km² para 8 km² em 2023, uma área semelhante a 800 campos de futebol. O Imazon informa que o território se tornou o terceiro mais desmatado da Amazônia no ano passado. Outras duas Terras Indígenas, a Waimiri Atroari e a Yanomami, registraram aumentos expressivos de destruição.
Esse desmatamento crescente “fez com que a Terra Yanomami, mesmo após ter recebido em janeiro do ano passado uma operação humanitária por causa dos danos sociais causados pela invasão de garimpeiros, fosse a quinta mais desmatada da Amazônia em 2023. Já a Waimiri Atroari ficou em nono lugar”, aponta o instituto.
O território indígena com maior área devastada no ano passado foi a Terra Apyterewa, onde foram desmatados 13 km². “Apesar de ocupar o topo do ranking, o local teve uma redução de 85% na devastação, pois em 2022 havia perdido 88 km2 de floresta. Em outubro, o local recebeu uma operação de desintrusão para remoção de invasores ilegais”, reforça o Imazon. Em 2023, as Terras Indígenas foram alvo de uma devastação que totalizou 104 km², o que indica uma redução considerável quando comparado aos 217 km² em 2022.
UCs
As Unidades de Conservação apresentaram uma queda de 77% de destruição, passando de 1.214 km² em 2022 para 282 km² em 2023, de acordo com o levantamento. Trata-se da menor área de floresta destruída em nove anos. “A maior redução ocorreu nos territórios sob jurisdição federal, onde a derrubada passou de 468 km² para 97 km², o que significa uma queda de 79%. Já nas áreas estaduais, a devastação passou de 746 km² para 185 km², sendo 75% ou quatro vezes menos”, enfatiza o instituto.
Desmatamento por estado
O Imazon indica ainda que o desmatamento teve aumento em apenas três dos nove estados que compõem a Amazônia Legal na comparação de 2022 com 2023: Roraima (de 179 km² para 206 km²), Tocantins (de 16 km² para 21 km²) e Amapá (de 9 km² para 18 km²).
As três unidades da Federação que seguiram no topo do ranking como as principais responsáveis pelo desmatamento foram: Pará (1.228 km²), Amazonas (877 km²) e Mato Grosso (864 km²).
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro
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