O Ministério da Saúde priorizará a imunização de crianças e adolescentes, entre seis a 16 anos, na aplicação da vacina contra a dengue. O imunizante Qdenga, elaborado pela farmacêutica Takeda, foi incorporado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) em dezembro do ano passado. A previsão do início da campanha de vacinação é em fevereiro.
"De seis a 16 anos é uma faixa etária que vamos priorizar. Dentro dela, a gente vai decidir qual é o melhor grupo etário a se vacinar e atingir o resultado que seja operacionalmente interessante para estados e municípios. Ou seja, que consigam executar da melhor forma possível, mas, ao mesmo tempo, a gente consiga ter resultados epidemiológicos que evitem casos e hospitalizações", explicou Eder Gatti Fernandes, diretor do PNI.
A decisão sobre a faixa etária foi tirada na reunião de ontem da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunizações (CTAI). Um segundo encontro, agendado para o dia 25, definirá a quantidade de doses que serão distribuídas aos estados.
A Qdenga recebeu o registro de uso pela União Europeia (UE) no começo de dezembro, para aplicação em crianças a partir de quatro anos. O fármaco protege contra qualquer um dos quatro sorotipos do vírus da dengue. Duas doses são aplicadas com intervalo de três meses e podem ser dadas tanto a pessoas que tiveram a doença, quando àquelas que jamais a contraíram.
Segundo dados do laboratório, a vacina QDenga demonstrou eficácia de 80% na prevenção da febre causada pela dengue em crianças e adolescentes, nos 12 meses que se seguiram à segunda dose. A vacina contém vírus vivos atenuados e induz a respostas imunológicas contra os quatro sorotipos da doença.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro do imunizante em março de 2023. No ano passado, o Brasil registrou 1,6 milhão de casos de dengue e 94 mortes. Em menos de um mês, os casos neste ano ultrapassam os 10 mil.
Produção limitada
Gatti afirmou que a vacina é mais uma tecnologia para combater a doença. No entanto, explicou que um dos grandes desafios está ligado à limitação da produção pelo laboratório.
"O grande desafio que temos é que, apesar do nosso esforço para incorporar a vacina e ter a vacina para oferecer para a nossa população, tem uma limitação de produção. O laboratório garantiu apenas 5,2 milhões de doses para este ano. A gente vai conseguir vacinar pouco mais de 3 milhões de pessoas em 2024", observou.
O PNI está contando também com doações a serem feitas pelo produtor da Qdenga. A partir daí, o ministério calcula que alcançará 6 milhões de doses.
"A gente não abre mão das vacinas oferecidas e vamos elaborar uma estratégia para usá-las da melhor forma possível. A gente precisa ter o apoio dos estados e dos municípios para construção de uma política pública robusta", salientou Gatti.
*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi