O Ministério da Saúde apresentou, ontem, o Plano Nacional de Vacinação contra a Dengue, cujos imunizantes serão distribuídos a partir de fevereiro. A prioridade de aplicação serão crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos e, inicialmente, a disponibilidade será de 1,32 milhão de doses.
O ciclo completo de vacinação será em duas etapas — as aplicações terão três meses de intervalo entre elas. Ao todo, 16 estados e o Distrito Federal receberão os fármacos.
Como a capacidade de produção do laboratório que fabrica a vacina é limitada, o ministério destinou as vacinas ao Distrito Federal e a 521 municípios. Todos têm algumas particularidades: são cidades de grande porte (com mais de 100 mil habitantes) que apresentam alta transmissão da dengue; apresentaram os maiores números de casos em 2023 e 2024; e convivem com o sorotipo DENV2 (considerado grave e mais transmissível) predominante.
"A vacinação contra a dengue é uma novidade, é um instrumento de saúde fundamental. Vai ser um instrumento cujo impacto não vamos ver no curto prazo. Trabalharemos para que a vacina se consolide e que possamos aumentar a escala de produção de forma combinada com a empresa", afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
A primeira remessa da Qdenga — 757 mil doses — chegou ao Brasil no sábado passado. Segundo o ministério, mais 568 mil doses devem ser entregues em fevereiro. A pasta adquiriu o total de vacinas disponibilizadas pelo fabricante este ano: 5,2 milhões de doses — para 2025, estão contratadas 9 milhões.
"O Brasil está sendo o primeiro país do mundo a disponibilizar a vacina contra a dengue no sistema público, como uma estratégia de saúde pública", frisou o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti. A previsão é de que 3,2 milhões de crianças e adolescentes sejam vacinados neste ano.
O ministério observou que todo o processo de vacinação foi organizado em conjunto com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), seguindo as recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunizações (CTAI) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ações
Nísia salientou, porém, que a vacinação é apenas uma das estratégias adotadas para diminuir os casos da doença. "O combate à dengue é uma ação de governo, mas tem de ser uma ação também de cada cidadão e cidadã. É necessário lembrar que os focos do mosquito estão 75% nas casas. Então, essa união de esforços é muito importante", ressaltou.
A ministra fez questão de enfatizar que a pasta repassou R$ 111,5 milhões aos estados e aos municípios para aumentarem as medidas de controle da doença — como visitas de agentes comunitários às residências e limpeza de possíveis focos de mosquito Aedes Aegypti em locais públicos. Também houve a compra de testes para identificar a doença — 125 mil do tipo rápido e 47,6 mil do modelo de biologia molecular. Ao todo, o ministério investirá R$ 256 milhões.
*Colaborou Isabel Dourado, estagiária sob a supervisão de Fabio GrecchiSaiba Mais
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