meio ambiente

Mais de 17 milhões de hectares foram queimados em 2023, mostra levantamento

Levantamento do MapBiomas, entre janeiro e dezembro, representa aumento de 6% em relação a 2022. Mas especialistas afirmam que poderia ter sido pior se o governo não tivesse tomado medidas

Queimada no Pantanal, que foi o segundo bioma mais atingido pelas chamas em 2023. Um aumento de 300% somente em dezembro passado -  (crédito: Joédson Alves/Agência Brasil)
Queimada no Pantanal, que foi o segundo bioma mais atingido pelas chamas em 2023. Um aumento de 300% somente em dezembro passado - (crédito: Joédson Alves/Agência Brasil)

Mais de 17,3 milhões de hectares (ha) foram queimados no Brasil, entre janeiro e dezembro de 2023. Dados da plataforma Monitor do Fogo, do MapBiomas, mostraram que o número representa um aumento de 6% em relação à área queimada em 2022 — 16,3 milhões/ha. A região calcinada no último ano é maior do que alguns estados, como Acre e Ceará.

"É como se, em um único ano, todo o território de um país como o Uruguai pegasse fogo", lamentou o MapBiomas, na conclusão do levantamento.

De acordo com a plataforma, setembro e outubro foram os períodos de pico das queimadas, com 4 milhões/ha queimados em cada mês. Dezembro também bateu recorde para o mês desde 2019 — 1,6 milhão/ha.

O principal causador da devastação, segundo o MapBiomas, são as queimadas na Amazônia. Em dezembro, o Pará foi o estado com o território mais afetado: 658,4 mil/ha consumidos pelo fogo, o que representa aumento de 572% em relação ao mesmo mês de 2022. Na sequência vem o Maranhão, com 338,7 mil/ha, e Roraima, com 146,3 mil/ha.

"Em 2023, o El Niño desempenhou um papel crucial no aumento dos incêndios na Amazônia, uma vez que esse fenômeno climático elevou as temperaturas e deixou a região mais seca, criando condições favoráveis à propagação do fogo. Se não fosse a redução de mais de 50% no desmatamento, diminuindo uma das principais fontes de ignição, com certeza teríamos uma área bem maior afetada por incêndios na região", afirmou Ane Alencar, diretora de Ciência no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e coordenadora do MapBiomas Fogo.

Fator impeditivo

Para Yuri Salmona, geógrafo do Instituto Cerrados, apesar da grande força do El Niño que atingiu o país em 2023 — que trouxe uma predominância de um clima seco e quente no Centro-Oeste e de secas na Amazônia, tornando o bioma um ambiente mais propício ao fogo —, o aumento da área queimada poderia ter sido muito maior sem a retomada das políticas de comando e controle que voltaram a ser implementadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Se não fosse a retomada das políticas de combate ao fogo, o aumento não seria de 6% — seria muito maior. Serve de alerta para a gente se preparar para os anos seguintes, demonstrar que as políticas de comando e controle de combate às queimadas precisam ser fortalecidas", salientou Salmona.

Em dezembro, a Amazônia foi o bioma mais afetado pelo fogo. Foram 1,3 milhões/ha queimados, um aumento de 463% em relação a dezembro de 2022. Na sequência veio o Pantanal, cuja área devastada cresceu 300% no mesmo período.

"O fogo, que invadiu áreas do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro (MS) e do Parque Estadual Encontro das Águas (MT), foi potencializado pela estiagem no final do ano, principalmente em novembro, que concentrou 60% de toda a área queimada no Pantanal", frisou Eduardo Rosa, da equipe do MapBiomas que acompanha o Pantanal.

No último ano, os tipos de solo mais afetados pelo fogo foram as pastagens (28%), vegetação nativa e formação campestre (19%), e formação savânica (18%).

*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi

 

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postado em 20/01/2024 03:55 / atualizado em 22/01/2024 15:09
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