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Visto para China e Brasil agora dura 10 anos; entenda

Acordo entre os dois países foi fechado em cerimônia no Itamaraty. Para o chanceler Mauro Vieira, medida não apenas aprofunda as relações como facilita fluxo de turismo e de negócios

Wang Yi e Vieira. Chanceler salientou que extensão do tempo do visto aprofunda conexões entre os países -  (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Wang Yi e Vieira. Chanceler salientou que extensão do tempo do visto aprofunda conexões entre os países - (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Os governos do Brasil e da China firmaram, ontem, um acordo bilateral de cooperação que estende para 10 anos a vigência dos vistos para passaportes para cidadãos dos dois países. O novo prazo de validade é o dobro do atual. Os chineses são os principais parceiros comerciais do Brasil.

"A iniciativa facilitará viagens, incentivará a promoção de contatos diretos entre nossas comunidades empresariais e impulsionará o turismo entre os países", disse o chanceler Mauro Vieira, que recebeu o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, no Palácio do Itamaraty. O acordo de extensão dos vistos é parte do início das comemorações dos 50 anos de estabelecimento das relações diplomáticas entre Brasília e Pequim, a ser celebrado em 15 de agosto — outras iniciativas virão nos próximos meses.

Mas o representante chinês não veio ao Brasil apenas para tratar de questões de reciprocidade. Ele deixou claro que seu país pretende unir as obras do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), relançado no ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com os investimentos internacionais da iniciativa Cinturão e Rota, conhecida como a nova Rota da Seda.

Em discurso no Itamaraty, Wang Yi sugeriu que os dois países trabalhem em conjunto para aproximar os objetivos. Ele defendeu mais abertura, inclusão e cooperação entre os dois programas, e citou que as parcerias passam pela soja e pela exploração espacial. Segundo o ministro chinês, há interesse na maior na cooperação agrícola, na economia verde, na economia digital, na inteligência artificial e em outras áreas estratégicas.

A China tenta atrair o Brasil para aderir à gigantesca rede de infraestrutura que monta pelo mundo, mas o tema divide o governo. Uma ala não vê vantagens práticas, enquanto outros afirmam que seria um gesto político. Na visita de Lula à China, ano passado, ele evitou aderir à ideia, o que frustrou os chineses.

Investimento

O Brasil tenta atrair empresas da China para as obras do Novo PAC, por meio de concessões, PPPs, fornecimento de materiais e equipamentos ou na composição de capital para tomar parte em leilões.

A iniciativa chinesa, lançada por Xi Jinping, em 2013, consiste em formar uma rede global de infraestrutura, conectando ferrovias, hidrovias e rodovias, além de portos e aeroportos, para escoamento de produtos. O projeto expandiu a influência da China nos setores financeiro, de operação de serviços e de engenharia.

Em 10 anos, os contratos de projetos ligados à nova Rota da Seda somaram US$ 2 trilhões. Ao todo, 147 países aceitaram projetos ou manifestaram interesse em participar. Mas aliados do Brasil, como os Estados Unidos, alegam que as obras trazem poucos benefícios e criam uma "armadilha da dívida".

Minutos após a despedida do ministro chinês, a embaixadora dos EUA, Elizabeth Bagley, esteve no Itamaraty para se reunir com o chanceler. Por pouco, ela e Wang Yi não se encontraram.

 

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postado em 20/01/2024 03:55
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