A Polícia Federal (PF) prendeu, ontem, Jânio Freitas de Souza, apontado nas investigações como braço direito de Rubén Dário da Silva Villar, o Colômbia — acusado de ser o mandante dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, na região do Vale do Javari (AM), em 5 de junho de 2022. Entre outras funções na quadrilha, Jânio seria o principal aliado e informante do homem que teria encomendado a morte dos dois.
O anúncio das prisões foi antecipado pelo ainda ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, no X (antigo Twitter). "Foi preso pela Polícia Federal mais um envolvido na organização criminosa que perpetrou os homicídios contra Bruno Pereira e Dom Phillips. Mais informações em breve", publicou Dino, cerca de uma hora antes da confirmação pela PF da prisão do suspeito.
Jânio foi detido em Tabatinga (AM). Em 5 de agosto de 2022, um mês depois do duplo assassinato, ele foi capturado por pesca ilegal e respondia, há três meses, pelo crime em liberdade. Até então, eram tênues as ligações dele com os homicídios.
Com a prisão de Jânio, sobe para cinco o número de presos pelo envolvimento em um assassinato que chocou o país e tornou-se mais uma mancha no governo de Jair Bolsonaro — que ficou conhecido pela comunidade internacional como alguém descompromissado com a preservação ambiental e a proteção de povos originários da Amazônia. O ex-presidente chegou a menosprezar as mortes do indigenista e do jornalista.
Um dos primeiros a ser preso foi o pescador Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, que confessou a participação na emboscada contra Bruno e Dom, mas apontou que os disparos que mataram o indigenista e o jornalista foram feito por Jefferson da Silva Lima. Também tiveram participação no crime o irmão de Amarildo, Oseney da Costa de Oliveira. Já o colombiano Rubén Dario é considerado mandante dos homicídios.
Denunciados
Amarildo, Jefferson, Oseney e Rubén estão presos e foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF). Contra Colômbia pesam, além do indiciamento como o mandante do assassinato, investigações sobre a chefia de uma organização criminosa da região responsável pelo tráfico de drogas e armas. A quadrilha ainda atuaria na pesca e no garimpo ilegal, além da extração e contrabando de madeira.
Bruno e Dom foram assassinados em uma expedição pela região, que é palco de diversos conflitos e ilícitos — controlados por gangues regionais com ligações com as duas principais facções criminosas do país. Bruno, que era funcionário da Funai, conhecia Dom desde 2018, quando o inglês, que vivia no Brasil desde 2007, fazia uma reportagem para o jornal The Guardian na Terra Indígena Vale do Javari.
A razão dos assassinatos seria o trabalho de Bruno junto às comunidades dos povos nativos, no sentido de opor resistência ao avanço dos criminosos. Para os investigadores, Dom foi morto somente porque o crime não podia deixar testemunhas.
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