POLÊMICA

Congresso evangélico cancela participação de pastor acusado de defender escravidão

Visão Nacional para a Consciência Cristã, entidade responsável pelo evento, afirmou que a decisão foi tomada para preservar a integridade física do pastor. Em seu blog, o americano Douglas Wilson disse que não apoia a escravidão

Em sua postagem, Wilson criticou a cultura do cancelamento e acusou o
Em sua postagem, Wilson criticou a cultura do cancelamento e acusou o "inimigo" de usá-la com eficiência - (crédito: Reprodução Youtube)

O Congresso evangélico Encontro para a Consciência Cristã, realizado entre 8 e 13 de fevereiro na Paraíba, não terá mais a participação do pastor americano Douglas Wilson, acusado de defender a escravidão usando argumentos bíblicos. A medida foi anunciada nesta quarta-feira (17/1) pela entidade responsável pelo evento — Visão Nacional para a Consciência Cristã (VNCC). 

Em nota, a VNCC afirma que cancelou a presença de Wilson devido à polêmica sobre o "sensível tema da escravidão nos Estados Unidos". "Considerando as reações às veiculações de sua presença entre nós — inclusive com incitação a crimes de ódio, e, eventualmente, à escalada de violência física, julgamos por bem, em mansidão e amor cristão, cancelar sua participação, no intuito de garantir a segurança física do Pastor Wilson, dos demais preletores, e das mais de 100 mil pessoas que passarão pelo encontro", disse a entidade.

Wilson, por sua vez, realizou uma postagem no site da Editora Monergismo nomeada Uma palavra ao bom povo do Brasil, em que se defende das acusações de que apoiaria a escravidão. "Um de meus principais motivos para me comunicar com vocês dessa forma é que, embora as Escrituras obviamente nos ensinem que é pecado mentir, também somos instruídos de que é pecado acreditar na mentira. Afinal de contas, nossos primeiros pais mergulharam nosso mundo no pecado porque acreditaram em uma mentira", afirmou o pastor. 

Na publicação, Wilson elenca sete motivos que supostamente provariam que ele não defende a escravidão, entre eles páginas de seu blog em que fala sobre "Questões Críticas" (entre elas, o racismo) e em que afirma que nega que "a escravidão tenha sido um bem positivo". O pastor ainda fez uma crítica à cultura do cancelamento, ao dizer que "é uma estratégia que o inimigo desenvolveu e a utiliza com alto grau de eficácia."

"Se a acusação de que amo a escravidão for usada por Deus para levar qualquer um de vocês a entrar em contato com o evangelho da libertação e se algum escravo do pecado for libertado por meio desse evangelho da livre graça e do perdão, isso seria o que eu chamaria de uma doce ironia. E terá valido muito a pena", finaliza Wilson. 

Leia a nota na íntegra, traduzida para o português.

Acusações 

O pastor americano Douglas Wilson atua na Christ Church no estado de Idaho, é teólogo conservador membro do corpo docente do New Saint Andrews College e escritor. Suas obras e pensamentos remontam às teorias da década de 1960, que se opôs ao movimento pelos direitos civis americanos.

Em seus livros publicados, Wilson sustenta que, se o sistema escravista do Sul dos Estados Unidos tivesse sido fiel aos princípios bíblicos, teria "funcionado harmoniosamente" ou então desaparecido “pacificamente” com o tempo. A então passagem dele pelo Brasil foi apontada pelo repórter Ronilso Pacheco, do Intercept Brasil, citado diretamente por Wilson em sua publicação. 

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postado em 17/01/2024 20:37 / atualizado em 17/01/2024 20:38
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