A Polícia Federal entrega hoje, ao governo do Equador, uma proposta de colaboração para enfrentar o crime organizado, que vem assolando o país desde antes das eleições presidenciais de 2023. Entre elas, está a possibilidade de abrir uma representação da PF em Quito, a fim de estreitar a relação com as forças de segurança equatorianas, fechar acordos de colaboração e trocar experiências sobre o combate às quadrilhas internacionais de traficantes de drogas.
O Equador enfrenta uma onda de terror promovida pelas quadrilhas, que se intensificou desde que José Adolfo Macías Villamar, conhecido como Fito, chefe da facção Los Choneros, fugiu de um presídio em Guaiaquil. "Haverá o encaminhamento de propostas, tais como: intercâmbio de informações de inteligência para o enfrentamento do crime organizado, disponibilização de equipamentos de inteligência, apoio na identificação dos presos do sistema penitenciário equatoriano e oferecimento de cursos de descapitalização do crime organizado com a doutrina da Polícia Federal", salienta a corporação.
Ontem, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, conduziu uma reunião extraordinária da Ameripol (Comunidade de Polícias das Américas), quando se discutiu a criação de uma representação no Equador nos moldes da que existe em Nova York, por exemplo. A direção da corporação cada vez mais dá ênfase ao princípio adotado na gestão do ministro Flávio Dino, na Justiça e Segurança Pública, de que o ataque ao crime organizado torna-se mais eficiente quando o combate é voltado para asfixia das movimentações financeiras e logística de drogas e armas das quadrilhas.
As propostas do Brasil e das 20 instituições, de 16 países que participaram da reunião da Ameripol, serão encaminhadas conjuntamente. A PF pretende exportar sobretudo a experiência obtida no enfrentamento às milícias no Rio de Janeiro, depois de solicitação feita pelo governador do estado, Cláudio Castro.
Milícias
Um dos resultados obtidos é a prisão de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, líder da maior milícia carioca, que entregou-se à PF, na véspera do Natal do ano passado. Contra ele havia 12 mandados de prisão em aberto, emitidos desde 2018. O motivo pelo qual o miliciano decidiu se render é atribuído aos resultados da Operação Dinastia 2, desfechada em 19 de dezembro — quando foram apreendidos celulares e computadores com informações importantes sobre a quadrilha que atua em Campo Grande e Santa Cruz, na Zona Oeste da capital fluminense.
Da primeira Operação Dinastia, derivou a Operação Batismo, deflagrada em 18 de dezembro. Nela, a deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros, a Lucinha (PSD), foi afastada por ser o elo político da milícia de Zinho. De acordo com o Ministério Público do estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), a ofensiva tinha como alvo atacar as conexões políticas do grupo paramilitar.
Outra experiência que deve entrar no rol de experiências a serem trocadas entre a PF e as forças de segurança equatorianas é a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que vem sendo executada nos portos e aeroportos do Rio e de São Paulo. Como o governo do presidente Daniel Noboa também vem utilizando as forças armadas desde que baixou o decreto de Conflito Armado, os brasileiros devem repassar o formato de atuação que agentes federais, auditores fiscais da Receita Federal e militares têm na GLO.
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