Ao longo do ano de 2023, 307 crianças ianomâmis diagnosticadas com desnutrição grave ou moderada foram resgatadas e recuperadas, segundo o Ministério da Saúde. Há quase um ano, o governo federal decretou emergência de saúde pública na Terra Indígena Yanomami, onde os povos originários ainda sofrem com malária, desnutrição e violências causadas pela presença do garimpo ilegal, em Roraima.
No ano passado, porém, foram notificadas 308 mortes no território, além de 343 em 2022, segundo dados do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siasi).
Nesta quarta-feira (10/1), uma comitiva do governo federal visitou a terra indígena. O grupo foi composto pela presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana; a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara; a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva; o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida; o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, entre outras autoridades.
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O secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, afirmou que a crise humanitária vivenciada pelos ianomâmis é resultado de anos de abandono do Estado brasileiro. "O compromisso do Governo Federal é acelerar a desnutrição no território e a implantação de uma política de segurança pública na região, medidas que reforçam ainda mais, o nosso compromisso pela busca de assistência integral às comunidades indígenas da T.I Yanomami", citou Weibe.
O governo encaminhou um crédito extraordinário de R$ 1,2 bilhão para a implementação de ações estruturantes na região e anunciou a instalação de uma Casa de Governo para a presença permanente no território indígena. "A presença da comitiva do governo federal no território marcou o início dos trabalhos de estruturação de medidas permanentes de proteção das comunidades Yanomami e da constituição da Casa de Governo, que coordenará, a partir de Boa Vista, as políticas públicas voltadas a essa população ainda ameaçada pelas atividades ilegais de garimpeiros e madeireiros", pontuou a Funai.
Além disso, Tapeba ressaltou que a resposta à crise humanitária incluirá a instalação do primeiro hospital de saúde indígena no país, em Boa Vista, e a ampliação da Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai). Também haverá um centro de referência na região de Surucucu e um plano para a construção e reforma de unidades de saúde indígena.
“Passamos a atuar em um território em que mais de 200 comunidades indígenas estavam desassistidas, com vazio assistencial, com subnotificação de dados epidemiológicos e mortalidade”, disse Weibe.
A comitiva esteve em Auaris (RR), região de fronteira do Brasil com a Venezuela. No local, foram verificadas as condições no Polo Base Auaris, onde estão sendo construídas novas instalações para receber os pacientes, laboratórios e alojamentos para profissionais de saúde. Durante a visita, lideranças indígenas Ye’kwana discutiram com os representantes do governo federal sobre os avanços e desafios que os povos Yanomami e Ye’kwana enfrentam.
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