A Força Aérea Brasileira (FAB) intensificou as buscas ao helicóptero que está desaparecido desde domingo, depois de decolar do Campo de Marte, em São Paulo, rumo a Ilhabela, no litoral do estado. Uma conversa entre o piloto da aeronave e o responsável pelo heliponto onde deveria ter pousado indica que o aparelho entrou em uma zona de mau tempo e que a situação estava difícil de ser contornada.
O piloto do helicóptero ligou perto das 15h para o heliponto de Ilhabela relatando a dificuldades de cruzar a Serra do Mar — uma região de floresta densa —, na direção de Caraguatatuba (SP), município próximo a Ilhabela. O mau tempo impedia que o aparelho voasse acima das nuvens.
Segundo áudios obtidos pela TV Vanguarda, o responsável orienta o piloto a encontrar um "buraco" — termo de aviação que significa um espaço de céu limpo e com campo visual um pouco melhor. O condutor da aeronave, por sua vez, responde que está tudo "colado" — ou seja, nuvens baixas e visibilidade prejudicada pelo mau tempo.
O responsável pelo heliponto ainda insiste para que o piloto tente encontrar uma passagem que permita lhe subir acima das nuvens: "Mas não dá pra passar por cima da camada?", indaga, afirmando que de onde falava o tempo estava bom. "Está tudo colado, não consigo ir por cima da camada", responde o piloto.
A pessoa ainda insiste, mais uma vez, para que se procurasse um "buraco" — o condutor da aeronave, então, concorda. "Tá bom, se achar eu vou", responde.
Poucos minutos depois, o piloto fez novo contato com o controle do heliponto avisando que seguiria para Ilhabela e que tentaria "ir por cima" das nuvens. Foi o último diálogo entre os dois.
Investigações iniciais trabalham com a possibilidade de o helicóptero estar em alguma área entre a Serra do Mar e Caraguatatuba. A aeronave, prefixo PRHDB, é um Robson 44 e e estavam a bordo Luciana Rodzewics, de 45 anos; a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics, de 20; e Rafael Torres, um amigo que fez o convite às duas para o passeio.
Em nota, a Força Aérea Brasileira (FAB) esclareceu que a pessoa que conversa com o piloto não é um controlador de tráfego aéreo. "O tom informal e as informações repassadas não condizem com a prática diária dos profissionais habilitados para tal função, ficando evidente que a fraseologia utilizada na conversa não é a padrão, ressaltando que os controladores de tráfego aéreo não tratam os pilotos pelo nome e, sim, pelo designativo da aeronave", diz o texto.
Queda em Capitólio
Em Capitólio (MG), um helicóptero do modelo EC 120 B caiu no Lago de Furnas com quatro pessoas. Três foram resgatadas e a quarta submergiu com a aeronave — o corpo foi encontrado horas depois do acidente.
Estavam a bordo os passageiros Julia Mendonça Silva Bernardes, Leonardo Resende Silva Vitorino, além do piloto Lucas Chaves Ávila e o tripulante Vanilton Alves Balieiro — que morreu. O destino final do grupo era o município de Piumhi.
Um especialista em aviação consultado pelo Estado de Minas afirmou que as imagens do acidente sugerem que a aeronave fez uma manobra chamada "auto-rotação" — que serve de mecanismo de voo em caso de falha do motor.
A queda do helicóptero ocorre quase dois anos depois do desabamento de uma estrutura rochosa atingir quatro lanchas e deixar 10 mortos na região dos cânions de Capitólio. O acidente, ocorrido no dia 8 de janeiro de 2022, feriu outras 31 pessoas.
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