O influenciador digital Bruno Alexssander Souza Silva, o Buzeira, presenteou o jogador de futebol Neymar, na quarta-feira, com um cordão estimado em R$ 2 milhões. A peça de ouro, cravejada de diamantes, tem os números 00 inscritos em alto-relevo e foi dada durante uma festa no cruzeiro organizado pelo atacante do Al-Hilal, clube da Arábia Saudita. Porém, o jovem é citado em uma investigação da Polícia Civil de São Paulo por promover supostos jogos de loteria que fazia nas redes sociais.
Buzeira é investigado por organizar rifas e sorteios supostamente ilegais de artigos de luxo. Ele é suspeito de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar.
Com mais de 4,5 milhões de seguidores no Instagram, Buzeira surpreende pelo estilo de vida luxuoso e badalado, apesar de ter recebido auxílio emergencial durante a pandemia. Nascido no bairro de Itaquera, zona leste da capital paulista, Bruno teve inicialmente o sonho de ser jogador de futebol, mas, por não ter o porte físico adequado, viu-se frustrado no seu projeto inicial.
Ele partiu para o que chamou de "plano B", que era cantar, o que também não deu certo. Longe dos palcos e dos gramados, o jovem passou a colaborar com o negócio de comércio exterior de seu tio.
Em meados de 2017, Bruno foi contratado por uma empresa do segmento de comércio exterior, para o qual tinha enviado currículo dois anos antes. Entretanto, em 2020, durante a primeira onda da pandemia de covid-19, ele foi demitido e passou a apostar na vida como influencer.
Com o empreendimento de sorteio on-line, Buzeira tornou-se alvo de um inquérito da Polícia Civil de São Paulo, aberto em março de 2022. Segundo as investigações, o influenciador se utilizaria das redes sociais para ganhar dinheiro ilegalmente, "pois não tem autorização dos órgãos competentes, o que demonstra claramente o meio de contravenção penal, ou seja, 'jogo do bicho por meio digital'".
Links
As inscrições para participar dos sorteios são por meio de links disponibilizados por Buzeira em suas contas nas redes sociais. Ao acessar a página, o internauta encontra dados bancários para realizar o depósito via transferência bancária ou Pix, o que é proibido por lei.
Em seu depoimento, Buzeira afirmou que recebeu R$ 50 mil com as rifas on-line e o objetivo da iniciativa é aumentar o número de seguidores nas redes. Além disso, afirmou que é proprietário de uma marca de roupas chamada "Neurose". Sobre os sorteios, informou ser dono de uma empresa de marketing digital.
A polícia pediu a prisão preventiva de Buzeira, ou, ao menos, a proibição de seu acesso as redes sociais. Porém, o Ministério Público manifestou a necessidade de realização de diligências complementares.
Procurada, a defesa de Buzeira não se manifestou. Mas, na investigação, os advogados alegam que "as acusações de pertencimento a organização criminosa e lavagem de capitais não encontram qualquer amparo fático nos autos".