Juntamente com movimentos sociais, familiares das nove vítimas do Massacre de Paraisópolis, ocorrido em 1° dezembro de 2019 durante a ação da Polícia Militar em um baile funk da comunidade da Zona Sul de São Paulo, realizaram um protesto nesta segunda-feira (18/12) horas antes da retomada da segunda audiência de instrução do caso. Os policiais acusados respondem ao crime em liberdade.
A audiência, que acontece nesta tarde, no Fórum Criminal da Barra da Funda, na Zona Oeste paulistana, deve decidir se os réus vão a júri popular. Ainda não há, contudo, uma previsão de quando os policiais militares serão interrogados. A primeira audiência do caso ocorreu em 25 de julho deste ano, quando foram ouvidas 10 testemunhas de acusação.
Os manifestantes realizaram uma performance para simular como as vítimas foram cercados pelos agentes na operação. O objetivo era demonstrar os excessos dos policiais, que afirmam que as mortes foram causadas por pisoteamento, resultado da confusão instaurada no local.
Um relatório elaborado pela Defensoria Pública de São Paulo contesta essa versão e aponta como causa da morte asfixia. A partir de exames periciais, o documento aponta que as vítimas, que tinham entre 14 e 23 anos, teriam sido encurraladas em uma viela e sufocadas com o uso de gás lacrimogêneo.
Cristina Quirino, mãe de Denys Henrique Quirino, 16 anos, um dos jovens mortos na operação, discursou na manifestação e lembrou do relatório da Defensoria, que também apontou que a favela de Paraisópolis já era alvo dos policiais antes mesmo do massacre.
Além de Denys, morreram Gustavo Cruz Xavier, 14 anos; Dennys Guilherme dos Santos Franco, 16; Luara Victoria de Oliveira, 18; Gabriel Rogério de Moraes, 20; Eduardo Silva, 21; Bruno Gabriel dos Santos, 22; e Mateus dos Santos Costa, 23. Nenhuma das vítimas morava na comunidade.
Os PMs alegam que no dia da tragédia perseguiam dois suspeitos de roubo que estavam numa moto. A dupla, contudo, nunca foi encontrada.
Naquela noite duas operações da PM estavam ocorrendo na comunidade: a Operação Saturação e a Operação Pancadão. A primeira havia intensificado o policiamento ostensivo na comunidade, deslocando policiais militares de outros batalhões para a região para combater o tráfico de drogas. Ela foi deflagrada como resposta ao assassinato de um policial em Paraísopolis. A segunda operação visava, especificamente, impedir a realização do baile funk da DZ7.
*Estagiária sob a a supervisão de Andreia Castro
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