Nos últimos dez anos a população de rua no Brasil cresceu 935,31%, de acordo com um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), feito com base no Cadastro Único (CadÚnico). O número saltou de 21.934 em 2013 para 227.087 até agosto de 2023.
Os problemas mais apontados por pessoas em situação de rua para explicar a circunstância são problemas familiares e desemprego. A exclusão econômica, dimensão que envolve o desemprego, a perda de moradia e a distância do local do trabalho, é citada por 54% das pessoas. Problemas de saúde — particularmente, mas não somente, aqueles relacionados à saúde mental — são apontados por 32,5%. A fragilização ou ruptura de vínculos familiares é citada por 47,3%.
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Os dados estão no estudo A população em situação de rua nos números do Cadastro Único, publicado primeiro pelo jornal Folha de S.Paulo, e feito pelo especialista em políticas públicas e gestão governamental da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marco Natalino, analisando os dados sobre a população em situação de rua disponíveis no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (Cadastro Único ou CadÚnico).
A pesquisa também mostra que o tempo de permanência na rua varia de acordo com o motivo para a situação. Os problemas familiares estão associados a um tempo de permanência na rua maior. Isso ocorre também com os motivos relacionados à saúde. Já as razões econômicas, como o desemprego, estão associadas a episódios de rua de mais curta duração. No agregado, 33,7% da população em situação de rua está nesta condição pelo período de até 6 meses, 14,2% entre seis meses e um ano, 13% entre um e dois anos, 16,6% entre dois e cinco anos, 10,8% entre cinco e 10 anos e 11,7% há mais de 10 anos.
A análise aponta que 60% das pessoas em situação de rua não vivem na cidade em que nasceram, mas 70% delas vivem no mesmo estado de nascimento. Além disso, embora as mulheres sejam somente 11,6% da população adulta em situação de rua, representam 35% das responsáveis familiares entre a parcela que vive com as famílias nessas circunstâncias.
A idade média das pessoas nas ruas é 41 anos. Os jovens entre 18 e 29 anos somam 15% do total da população em situação de rua, e aqueles com idade entre 50 e 64 anos correspondem a 22%. Crianças e adolescentes somam 2,5%, e idosos, 3,4%.
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