O Brasil está entre os 20 países com pior desempenho em matemática. A constatação vem do resultado obtido pelo país no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), prova ministrada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Em 2022, o teste aplicado em 81 nações avaliou 690 mil estudantes de 15 anos para medir, sobretudo, o nível do ensino básico. O aluno brasileiro atingiu a pontuação de 379 em matemática, abaixo da média dos países da OCDE — 479.
Para 2022, foram selecionadas para participar do Pisa 606 escolas das redes pública e privada de 420 municípios, nas 27 unidades da Federação. Mais de 14 mil alunos fizeram a prova on-line, com perguntas sobre matemática, leitura e ciências, entre 18 de abril e 31 de maio. O teste teve duas horas de duração, com questões objetivas e discursivas. É aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e feito a cada três anos (saiba mais no quadro ao lado).
Sobre o nível de desempenho, a escala vai de 1 a 6, sendo que 2 é considerado "básico" para o conhecimento, e abaixo dele o resultado é insatisfatório. Considerando isso, 73% dos estudantes brasileiros ficaram abaixo do mínimo (nota 2), enquanto os países da OCDE têm apenas 31% de jovens na mesma faixa. Por conta disso, no ranking geral, o Brasil ocupa a 65ª posição.
Leitura e ciências também colocaram os estudantes brasileiros abaixo da média da OCDE. Na primeira habilidade, o país pontuou 410, enquanto a nota de corte dos membros da OCDE é 476. Na segunda, obteve 403 pontos — os integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, 485.
"Nem as escolas particulares estão com uma boa avaliação em matemática — também estão abaixo da OCDE. Há um grande desafio em relação à matéria. O melhor resultado entre os três é em leitura, e ciências também é um desafio enorme", comentou o ministro da Educação, Camilo Santana, ao analisar o resultado do Pisa.
Ele salientou que há um tripé de prioridades do Ministério da Educação (MEC) até o final de 2026, o que pode representar alguma melhoria nos resultados do próximo Pisa: o programa de alfabetização nacional; o de conectividade em todas as escolas brasileiras; e a escola em tempo integral.
Sem avanços
As notas dos brasileiros no Pisa se mantêm em uma média, desde 2009, nas três disciplinas avaliadas. Em matemática, por exemplo, a pontuação média de 2022 (379) é muito próxima à de 2018 (384), mas, nos últimos 10 anos, a pontuação na matéria caiu 5%. Além disso, no Brasil, os estudantes com baixo desempenho ficaram mais "fortes" e os alunos com alto rendimento desceram de nível.
A pandemia de covid-19 teve impacto direto nos resultados de todos países, como se verificou no Pisa 2022 — a começar pela data de aplicação da prova, que deveria ter sido feita em 2021. Dados do relatório apontaram que entre os membros da OCDE, 16 milhões de jovens (25%) ficaram abaixo do nível básico em matemática — significa que a média desses países caiu 15 pontos entre 2018 e 2022. Em nações como Alemanha, Islândia, grupo dos Países Baixos (Holanda, Bélgica e Luxemburgo), Noruega e Polônia, as notas em matemática desceram 25 pontos ou mais no mesmo período.
O ensino a distância e a relação com os professores e com a tecnologia são alguns dos motivos apontados pelo estudo para explicar a piora. "Tivemos uma queda sem precedentes nos níveis de educação, equivalente a quase um ano de aprendizagem", explicou Andreas Schleicher, diretor de Educação da OCDE.
Apesar do alto índice de estudantes com notas baixas em matemática no Brasil, se observado o período 2018-2022, a queda na pontuação é de cinco pontos percentuais. Essa "estabilidade" foi considerada positiva pela OCDE. "Vocês fizeram um ótimo trabalho para manter o nível e a integridade durante esses anos", salientou Schleicher.
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