O ministro da Justiça e Segurança Publica, Flávio Dino, ressaltou o trabalho de inteligência da Polícia Federal e de autoridade paraguaias na Operação Dakovo, que desvendou o tráfico de armas da Europa por empresas paraguaias e vendidas às duas maiores facções criminosas do Brasil.
"Nessa operação não houve sequer um tiro, nem bala perdida e nem inocentes mortos. Ela foi baseada na inteligência", disse o ministro, em coletiva à imprensa, nesta terça-feira (5/12). Ele se referiu à megaoperação da Polícia Federal em parceria com autoridades paraguaias que, na manhã desta terça, apreendeu 43 mil armas que, em parte, eram vendidas para facções criminosas no Brasil desde 2019 com seus registros e número de série riscados.
A ação, além das armas de fogo, prendeu cinco pessoas no Brasil e 11, no Paraguai. Entre os detentos em solo paraguaio, Arturo Javier Gonzales, ex-comandante da Força Aérea do país latino. Também há 25 mandados de prisões preventivas e seis de temporárias e 54 mandados de busca e apreensão tanto no Brasil quanto no Paraguai e nos Estados Unidos.
- PF busca suspeitos de comercializar 43 mil armas a facções brasileiras
- Exército coloca veículos blindados em Roraima na fronteira com a Venezuela
De acordo com a PF, o argentino Diego Hernan Dirísio é o principal alvo da Operação Dakovo. Ele é o responsável por comprar a maior parte das arma e adulterá-las no Paraguai, é considerado foragido internacional pela Interpol.
Esse movimento de tráfico de armas de fogo foi lucrativo a criminosos paraguaios. Em três anos, segundo a PF, a movimentação foi de cerca de R$ 1,2 bilhão. As armas importadas vinham de diversos fabricantes sediados em países como Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia.
Logística do crime organizado
Na coletiva à imprensa, que também contou com a presença de Jalil Rachid, ministro da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai, e delegados da Polícia Federal envolvidos na operação, Flavio Dino argumentou que a ação desestruturou as duas principais facções do país.
"A ação com o Paraguai fará com que as duas maiores facções brasileiras que eram as destinatárias principais desses armamentos ilegais tenham o fechamento dessa via logística para realização das suas operações”, disse Dino.
Ele ainda enfatizou o objetivo de o Estado brasileiro focar atingir as fontes de financiamento e a logística das facções. "O crime organizado só é superado, quando você substitui o modelo ineficiente de tiros a esmo, tiros aleatórios, e vai na raiz do problema que é o financiamento desses grupos”, pontuou Dino.
GLO e investigação nas fronteiras
Ao comentar o combate ao crime organizado, o ministro da Justiça falou sobre a fiscalização de portos e aeroportos brasileiros feita por militares, por meio da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), assinada no início de novembro, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Nosso objetivo de governo é desmantelar as organização criminosas atacando sua renda", disse, ao citar a GLO.
Como funciona a GLO
Agentes das Forças Armadas vão contribuir na fiscalização da circulação de armas, drogas e criminosos pelos terminais marítimos e por aeroportos. Nos portos, a Marinha fará inspeções nos terminais de Santos, em São Paulo; de Itaguaí, no Rio; e da cidade do Rio de Janeiro. Esses locais, segundo a força marítima militar, são conhecidos por atrair a circulação de mercadorias das organizações criminosas especializadas nos tráficos de drogas e de armas.
A intensificação da fiscalização nos aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro e o terminal de Guarulhos, em São Paulo, ficará a cargo da Aeronáutica a partir desta segunda. Ao todos, nesses dois locais, serão escalados 600 militares à inspeção.