O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu, ontem, um alerta de perigo (laranja) para as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste — e parte do Norte e do Nordeste —, pois as temperaturas podem subir até 5°C acima da média, até o próximo domingo. Desde ontem, o Brasil vive uma nova onda de calor, que só deve se dissipar com a chegada de uma frente fria no começo da próxima semana.
De acordo com o Climatempo, pelo menos oito unidades da Federação — Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais, Tocantins e Bahia — deverão enfrentar temperaturas superiores a 40°C. Essa é a quinta onda de calor consecutiva no Brasil, que vem se verificando desde agosto.
Dessa vez, o fenômeno foi desencadeado por um sistema de alta pressão atmosférica que se forma no interior do país, que reduziu a umidade e a nebulosidade em diversas regiões. Segundo o meteorologista Natálio Abrahão, chama a atenção a intensificação dos fenômenos climáticos no Brasil, cujo principal vetor é o El Niño. Ele salienta, porém, que as consequências desse aumento do calor serão sentidas também no próximo ano.
"A expectativa é que os recordes de temperaturas e eventos climáticos atípicos, como alagamentos, tempestades e enxurradas, ocorram com maior frequência e intensidade no final de dezembro e nos meses seguintes", explicou. Natálio lembra que o aquecimento global — causado pelo alto consumo de combustíveis fósseis e a diminuição das áreas recicladoras de CO², como as florestas tropicais — é apontando como o principal fator de intensificação do El Niño.
"Novas áreas de instabilidade se fortalecem cada vez mais, trazendo de volta as pancadas de chuvas mais fortes nos estados. Essa massa de ar quente vai se intensificar nas regiões. Os termômetros devem disparar e alcançar marcas próximas ou acima dos 40°C", observa o Climatempo.
Acima da média
A principal característica de uma onda de calor é a persistência de temperaturas acima da média. Olívio Bahia, meteorologista do Inmet, explica que as ondas de calor resultam da presença persistente de uma massa de ar quente e seco sobre determinada região.
"Essa condição impede a formação de nuvens, reduz a chance de chuvas e pode elevar as temperaturas consideravelmente, como observado com uma projeção de até 5°C acima da média para dezembro", observou.
Olívio aponta que, apesar da intensidade atual, a perspectiva é que as temperaturas se normalizem com o retorno das chuvas na próxima semana. Isso projeta que a atual onda de calor seja a última do ano e a previsão é de temperaturas mais amenas até a virada do ano.
"É a nona onda de calor registrada em 2023, pode ser a última do ano, e tudo indica que, com o retorno das chuvas a partir da próxima semana, as temperaturas não subam tanto.Temos que ir acompanhando as previsões", diz o meteorologista do Inmet.
A população e as autoridades devem estar atentas às medidas de precaução e aos impactos potenciais na saúde, na agricultura e em outras áreas sensíveis a condições climáticas extremas.
*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi
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