O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que "ninguém espera" que a disputa pela região de Essequibo, entre Venezuela e Guiana, seja resolvida na reunião, desta quinta-feira (14/12), entre representantes dos dois países, no arquipélago de São Vicente e Granadinas — nação que preside a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). A avaliação foi feita ontem na audiência da qual participou, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. O chanceler, porém, destacou que o encontro "é um passo importante".
"Achei até que o presidente da Guiana (Irfaan Ali) poderia não ir, mas foi um gesto de boa vontade de conversar. Não acho e ninguém espera que vamos sair dessa reunião com tudo resolvido. Mas é um importantíssimo passo no sentido do entendimento de dois países importantes, um para o outro, e ambos para o Brasil, em um momento em que não precisamos de conflitos em nossas fronteiras", salientou.
Vieira acredita que a crise entre os dois países será resolvida com diálogo. "O Brasil tem 10 vizinhos imediatos, teve nove questões de fronteira. Oito defendidas pelo barão do Rio Banco, uma por Joaquim Nabuco. Sempre negociamos, saímos bem em todas, fomos vitoriosos", afirmou.
A fim de moderar o diálogo entre venezuelanos e guianenses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou o assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência, Celso Amorim, para a conferência. No dia 9, o presidente Nicolás Maduro propôs uma reunião de "alto nível" com a Guiana e convidou Lula — que preferiu enviar representante. Na conversa, o brasileiro fez questão de lembrar ao colega venezuelano a declaração sobre a crise aprovada na Cúpula do Mercosul.
O governo venezuelano reacende uma questão fronteiriça não resolvida no momento em que a costa da Guiana, na região de Essequibo, revela ter grande reservas de petróleo considerado de boa qualidade — que vem sendo explorado pela norte-americana Exxonmobil. No último dia 4, Maduro conduziu um plebiscito nacional sobre a área no país vizinho pertencer ao território da Venezuela, uma questão que une governistas e oposicionistas. O resultado da consulta foi amplamente favorável às pretensões do Palácio Miraflores.
No G20
No primeiro discurso à frente da presidência do G20, Lula afirmou que o Brasil segue trabalhando pelo cessar-fogo "permanente" na Faixa de Gaza e pela libertação "imediata" de todos os reféns pelo grupo terrorista Hamas. "Não nos convém um mundo marcado pelo recrudescimento dos conflitos, pela crescente fragmentação, pela formação de blocos protecionistas e pela destruição ambiental. Suas consequências seriam imprevisíveis para a estabilidade geopolítica", enfatizou, acrescentando que o Brasil segue "de luto" pelo conflito no Oriente Médio.
O presidente definiu três marcas para a gestão à frente do G20: inclusão social e combate à fome e à pobreza; promoção do desenvolvimento sustentável nos âmbitos social, econômico, ambiental e das transições energéticas; e a reforma das instituições de governança global.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br