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12 de dezembro de 2022: a longa noite do caos golpista em Brasília

Por volta das 19h, Bolsonaristas deixaram o acampamento no QG do Exército para promoverem um quebra-quebra no centro da capital. Pretexto: a prisão de um apoiador do ex-presidente. Horas antes, Lula e Alckmin tinham sido diplomados no TSE

Veículo pega fogo em posto de gasolina após confrontos entre a tropa de choque e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em protesto contra a prisão de uma liderança indígena em Brasília, em 12 de dezembro de 2022. -  (crédito: EVARISTO SA / AFP)
Veículo pega fogo em posto de gasolina após confrontos entre a tropa de choque e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em protesto contra a prisão de uma liderança indígena em Brasília, em 12 de dezembro de 2022. - (crédito: EVARISTO SA / AFP)
postado em 13/12/2023 03:55

Uma noite de caos e perplexidade. Por volta das 20h de 12 de dezembro de 2022, a área central de Brasília foi tomada por centenas de bolsonaristas, saídos do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, que promoveram uma série de depredações sob o pretexto da prisão do indígena José Acácio Tserere Xavante, apoiador do ex-presidente — que, à época, se encastelara no Palácio da Alvorada, derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno da eleição, em 30 de outubro.

Carros foram queimados e, no rastro de destruição, um ônibus quase foi jogado de um elevado na pista que passava abaixo. Os bolsonaristas marchavam rumo à sede da Polícia Federal (PF) e foram contidos somente depois de deixar um rastro de destruição, que durou aproximadamente uma hora. Ninguém foi preso naquela noite.

Mais cedo, no mesmo dia, Lula e Geraldo Alckmin recebiam os diplomas de presidente e vice eleitos, em cerimônia no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Após a execução do Hino Nacional, o presidente da Corte, Alexandre de Moraes, decretou:

"Pela vontade do povo brasileiro expressa nas urnas em 30 de outubro de 2022, o candidato pela coligação Brasil da Esperança, Luiz Inácio Lula da Silva, foi eleito presidente da República Federativa do Brasil". Estava encerrado o processo eleitoral no país.

Mas, quase no mesmo instante, a PF cumpria o mandado de prisão de Xavante Serere, determinado também por Moraes e em atendimento à solicitação da Procuradoria-Geral da República (PGR). O motivo: o indígena esteve à frente de atos de incitação ao rompimento dos princípios democráticos na Esplanada dos Ministérios, no Aeroporto Internacional de Brasília e em shoppings da capital. Além disso, dias antes convocou manifestantes armados a impedirem a diplomação de Lula.

Prelúdio do 8/1

A prisão foi a senha para a depredação, considerada pelas denúncias oferecidas à Justiça como o prelúdio da tarde de 8 de janeiro de 2023 — quando os mesmos bolsonaristas, agora aos milhares e saídos do QG do Exército, invadiram, destruíram e roubaram itens históricos do Palácio do Planalto, do Congresso e do STF. Entre as duas datas, dias de incitação, por apoiadores do ex-presidente, ao levante — nas redes sociais e nos acampamentos que se espalharam pelo país — contra o governo que assumira.

Em 29 de dezembro, a PF e a Polícia Civil do Distrito Federal cumpriram 32 ordens judiciais expedidas pelo STF contra os suspeitos de promoverem a balbúrdia de 12 de dezembro. Os mandados foram cumpridos no DF, em Rondônia, no Pará, no Mato Grosso, em Tocantins, no Ceará, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Tserere Xavante, pivô do da noite de caos em Brasília, até divulgou uma carta, ainda preso, se desculpando — alegou que foi influenciado por informações falsas e que errou ao disseminar mentiras sobre fraude nas urnas. Em setembro, ganhou a liberdade (mediante uso de tornozeleira eletrônica) por ordem de Alexandre de Moraes e responde ao processo por fomentar os atos antidemocráticos. Aguarda julgamento pelo STF.

 

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