O Brasil registrou mais de 1,6 milhão de casos de dengue entre janeiro e novembro deste ano. O número representa um aumento de 15,8% dos casos, se comparado ao mesmo período de 2022. Os óbitos pela doença também cresceram (5,4%) e chegaram a 1.053, segundo informações divulgadas, ontem, pelo Ministério da Saúde.
A chikungunya, porém, teve diminuição no número de infecções (264 mil) durante o intervalo pesquisado e aumentou 7,5% em número de óbitos (100). Já a zika alcançou 7,2 mil casos no período — alta de 1%, sem registro de mortes. Ambas as doenças são causadas também pelo mosquito aedes aegypti.
Os números indicam que o principal foco de concentração do inseto transmissor é o próprio lar. Cerca de 74% das larvas foram encontrados em vasos de plantas, garrafas retornáveis e recipientes de degelo em geladeiras. O segundo foco de procriação dos mosquitos são depósitos de água — como caixas d'água, barris e poços.
A pasta apresentou, também, uma estimativa das regiões que poderão concentrar mais casos de dengue, chikungunya e zika no próximo ano. Todo o país deverá sofrer com um novo aumento, porém o Centro-Oeste é o local mais preocupante e já é considerado em nível epidêmico. Em segundo lugar estão Minas Gerais e Espírito Santo, no Sudeste. No Sul, o Paraná poderá chegar a um patamar alto, enquanto que o nordeste terá aumento, mas abaixo do nível de preocupação com epidemia.
A alta nos casos deste ano e a previsão preocupante para o ano que vem, estão ligados ao fenômeno meteorológico El Niño, segundo o Ministério da Saúde. A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, afirmou que em algumas regiões do país, há concentração de chuva, o que pode deixar água parada. Onde há elevação do calor durante o verão, também se verifica o aumento da umidade, algo que acelera o processo de desenvolvimento do mosquito.
Investimento
Na tentativa de antecipar o cenário preocupante que se estima para 2024, o Ministério da Saúde anunciou o investimento de R$ 256 milhões para combater o aedes aegypti. Desses, R$ 111,5 milhões estão previstos paras ainda este ano.
De acordo com a pasta, R$ 72 milhões serão destinados aos municípios e R$ 39,5 milhões, aos estados e Distrito Federal. Haverá também repasse de R$ 144,4 milhões para fomentar ações de vigilância em saúde em todo país.
A Sala Nacional de Arboviroses (SNA) também foi implementada e permitirá o monitoramento, em tempo real, dos locais com maior incidência das doenças. O espaço funcionará todos os dias, 24 horas. A intenção é antecipar altas de casos nos próximos meses em locais com potencial epidêmico.
"São várias ações que precisam ser coordenadas", afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, que também reiterou a importância de aprovar o imunizante contra dengue Qdenga, fabricado pela farmacêutica japonesa Takeda.
"A vacina não é uma resposta para um momento de emergência. Mas é uma estratégia fundamental para a proteção das pessoas ao longo do ano e, também, para epidemias futuras", salientou.
A Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) abriu, esta semana, consulta pública sobre a incorporação do fármaco ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). Nísia deu a entender que a Qdenga deve ser incorporada, ainda este ano, ao SUS.
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