Mais de 1,77 milhão de toneladas de material reciclável foram recuperadas no Brasil no último ano. Isso representa 876 mil toneladas de CO² a menos despejados na atmosfera. Os dados do Anuário da Reciclagem, elaborado pelo Instituto Pragma, contabilizam mais de 2,9 mil instituições de reciclagem em todo país e foram apresentados, ontem, na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes. Essa é a primeira vez que a conferência ambiental tem um pavilhão para discutir a reutilização de resíduos.
"Foi bastante impactante mostrar o que os catadores no Brasil fazem. Fomos procurados por muitos países, como os desenvolvidos — que tinham interesse de entender como o Brasil, sem tanta tecnologia, consegue chegar em números tão significativos com trabalho manual — e também por alguns com realidades similares, como os países da África, que enfrentam desafio ainda maior", relatou, ao Correio, o idealizador do estudo, Dione Manetti.
Segundo o documento, a região com maior concentração de organizações de catadores é a Sudeste, com 1.155 grupos mapeados. Na sequência, aparecem o Sul (820), o Nordeste (554) e o Centro-Oeste (249).
Entre os estados, quem lidera o ranking de organizações de catadores para a reciclagem é São Paulo (565), seguido do Paraná (442) e de Minas Gerais (310). Quanto à remuneração dos trabalhadores do setor, a média mensal foi de R$ 1.372 — o Sul é onde se paga melhor, R$ 1.577.
"A reciclagem no Brasil não surge da conscientização ambiental da sociedade. Surge da necessidade de trabalho e renda para pessoas que vivem em situação de maior vulnerabilidade. Catadores ainda atuam em situações muito precárias. Se a gente quer avançar com a reciclagem adequada no Brasil, é fundamental que a gente invista nos catadores de reciclagem", reiterou Manetti. No perfil de quem atua nessa área, predominam mulheres (53,5%).
Além das emissões de gases, a quantidade de materiais destinados à reciclagem contribuiu para a preservação de 17,8 milhões de árvores; evitou o consumo de 26 bilhões de litros de água; de mais de 6 milhões de megawatts (mW) de energia; de utilização de 228,4 mil toneladas de petróleo; de 88,1 mil toneladas de bauxita; de 124,9 mil toneladas de ferro-gusa; e de 319,2 mil toneladas de areia.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br