MINISTRAS

Cúpula Social do Mercosul: Cida e Anielle relembram líderes sociais

As ministras da Igualdade Racial, Anielle Franco, e das Mulheres, Cida Gonçalves, comentaram a morte de Nego Bispo e Mãe Bernadete

Autoridades brasileiras participaram da abertura da Cúpula Social do Mercosul no Rio de Janeiro -  (crédito: Divulgação)
Autoridades brasileiras participaram da abertura da Cúpula Social do Mercosul no Rio de Janeiro - (crédito: Divulgação)
postado em 04/12/2023 16:19

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, estiveram presentes na abertura da Cúpula Social do Mercosul nesta segunda-feira (4/11). Na oportunidade, elas comentaram sobre importantes líderes sociais. 

"Antes de fazer minhas saudações, não podia começar o dia de hoje sem citar Nego Bispo, que fez a passagem ontem. Foi um dos maiores pensadores, do nosso tempo, do nosso movimento", iniciou Anielle. Nas redes sociais, a ministra também registrou mensagem de luto. "Lamento muito a dor da família e dos mais próximos, garanto que todos os ensinamentos seguirão como legado", escreveu. 

Antônio Bispo dos Santos, apelidado de Nego Bispo, morreu ontem aos 63 anos, após uma parada cardiorrespiratória. Ele foi o responsável pelo conceito de "contra-colonialismo", que propõem reforçar todas as manifestações coletivas de povos colonizados contra os as imposições de colonizadores. 

Já Cida Gonçalves relembrou a morte da também quilombola, Mãe Bernadete. A líder foi assassinada com mais de vinte tiros dentro de sua própria casa, na Bahia, em agosto deste ano. Bernadete também era ialorixá, no terreiro de umbanda, e coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq). Ela também lutava por justiça pela morte do filho Flávio Gabriel dos Santos, assassinado em 2017.

"A misoginia é o que fortalece para que o fascismo atue com mais força para a exclusão das mulheres. E, com isso, traz outro elemento que é a violência política de gênero que precisa ser enfrentada no âmbito do Mercosul. Isso coloca em risco a vida das mulheres que estão no parlamento, nas lideranças - seja as quilombolas, como a Mãe Bernadete, que foi assassinada, seja as lideranças indígenas na Amazônia. A maior parte das lideranças com poder de fala e atuação estão sob ameaças", declarou a ministra das Mulheres.

Igualdade de raça e gênero no Mercosul

"A criação do Ministério da Igualdade Racial é uma importante marca da recondução da democracia do Brasil. Essa cúpula marca a retomada da participação da sociedade civil nas decisões do bloco, depois de 7 anos de interrupção", comentou Anielle Franco. Ela reiterou a importância da participação da sociedade civil e dos movimentos sociais no enfrentamento ao racismo.

"Queremos demandar que a participação social também seja mais intensa nas reuniões dos blocos. O desenvolvimento e a cidadania precisam caminhar juntos para pensar em um futuro mais inclusivo, justo e democrático para todas as pessoas. Se com racismo não há democracia, com racismo, xenofobia e desigualdade, também não existe desenvolvimento econômico", acrescentou a ministra de Igualdade Racial. 

Cida Gonçalves também reforçou como a participação civil é essencial nas mudanças sociais. "O movimento social está sempre 50 anos a frente do Estado, o Estado está sempre atrás", iniciou. "Precisamos pensar uma nova estratégia que os movimentos sociais possam participar, debater e ajudar nas resoluções, que não são fáceis. Temos grande desafio no Mercosul. No campo das mulheres, nós temos que discutir a misoginia, o ódio contra as mulheres, que tem fortalecido cada vez mais o feminicídio e a violência sexual em toda região", completou a ministra das Mulheres.

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