Desde quarta-feira (29/11), Maceió (AL) está em estado de emergência devido ao risco de afundamento do solo ocasionado por minas de sal-gema da empresa Braskem. O colapso da mina 18, além de uma preocupação para as autoridades e moradores da região, gerou uma série de dúvidas sobre a exploração desse material e como a situação chegou a esse ponto.
O sal-gema é um tipo de rocha química formado pela evaporação de água salgada há milhões de anos. O professor de geologia da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Jorge de Abreu explica que a composição do sal-gema é majoritariamente de cloreto de sódio, o sal de cozinha, mas que há ainda outras substâncias como o cloreto de potássio, utilizado em fertilizantes e na indústria petroquímica.
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As minas desse material funcionam como as demais minas de extração, com a escavação de um buraco, uma espécie de caverna, para retirada dos compostos. No caso das minas de Maceió, o sal-gema, solúvel em água, é extraído por meio da injeção de água, que forma uma salmoura, ou seja, uma solução de água salinizada. “São camadas intercaladas que são dissolvidas trazidas para a superfície”, explica o professor Abreu.
“Como é retirada uma área de vários quilômetros quadrados, se você não tiver um escoramento perfeito vai afundar”, comenta o docente. Isso porque, com a retirada de rochas em um nível abaixo da superfície, o solo torna-se uma superfície menos espessa. Esse escoramento, nas minas da capital alagoana, era feito colocando água da região em que o sal-gema foi extraído. No entanto, com o passar dos anos, esse líquido vazou, o que provocou a instabilidade.
De forma simplificada, é como se todas as construções dos bairros afetados pelas minas estivessem sobre um solo “oco”. Isso porque o local onde foi extraído o sal-gema ficou vazio sem o líquido que compensava o material retirado.
Esse afundamento gradativo do solo é ainda o que ocasiona as atividades sísmicas, que se intensificaram na região. “Esse afundamento do solo não acontece de maneira linear, ele vai acontecendo por pulsos, cada pulso desse provoca um abalo sísmico, como se fosse um mini terremoto”
O Gabinete para o Enfrentamento da Crise de Maceió, juntamente com a Defesa Civil, continuam os esforços para realocar famílias residentes nas áreas de risco.
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