AMAZÔNIA

Açaí: Washington Post denuncia que produção brasileira usa trabalho infantil

Uma das justificativas para o emprego irregular de menores seria que a colheita do açaí é mais fácil se feita por pessoas pequenas, devido à arquitetura da árvore, que é alta e fina

O renomado jornal norte-americano The Washington Post publicou uma reportagem expondo casos de trabalho infantil em plantações de açaí no Brasil. Proveniente quase que exclusivamente da floresta amazônica, o fruto ganhou popularidade especial nos Estados Unidos, que hoje é o maior importador do "ouro roxo" no mundo. A indústria do açaí movimenta US$ 1,6 bilhão atualmente. 

Mas, segundo denuncia a reportagem, o sucesso da fruta, junto a extrema pobreza da região, teria propiciado o trabalho de crianças, ilegal pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA - Lei 8.069/1990)

Uma das justificativas para o emprego irregular de menores seria que a colheita do açaí é mais fácil se feita por pessoas pequenas, devido à arquitetura da árvore, que é alta e fina. Uma outra reportagem do próprio Washington Post, desta vez em 2021, já havia chamado a atenção para os perigos que as crianças enfrentam com a prática: fraturas ósseas, ferimentos de faca, picadas de cobras venenosas e aranhas.

Após a publicação da reportagem, o Departamento do Trabalho dos EUA incluiu o açaí em sua lista de produtos produzidos por trabalho infantil ou forçado. Os investigadores descobriram que uma criança ficou paralisada, da cintura para baixo, em uma queda de árvore. Outras sofreram problemas na coluna e no esqueleto. Algumas picadas por cobras venenosas. Além da evasão escolar ser generalizada nesse público. 

"Onde quer que procurássemos, encontrávamos trabalho infantil ou relatos de trabalho infantil", disse a procuradora federal do trabalho Margaret Matos de Carvalho, ao The Post. "Todo mundo sabe - as cidades, as escolas e o estado."

Como resposta, o Post solicitou explicações de quatro empresas que exportam o açaí para os Estados Unidos. Todas defendem a sustentabilidade em seu marketing e apenas uma das empresas respondeu, dizendo que redobrou a fiscalização.

O Correio entrou em contato com o Ministério do Trabalho, mas ainda não obteve resposta. O espaço segue em aberto. 

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