A ideia de que fazer uma viagem do Brasil à Argentina pode ser uma alternativa para ir ao exterior de forma barata seguirá por um bom tempo, independentemente de quem estiver na Presidência do país portenho, que, a partir de 10 de dezembro, será comandado pelo político de extrema-direita Javier Milei.
Eleito no domingo (19/11), Milei é oposicionista do atual presidente, Alberto Fernandez. Há anos, Argentina vive uma crise econômica, com inflação de 142,7% nos últimos 12 meses e a relação entre a moeda local e o real é de R$ 1 para 0,014 pesos.
Esse cenário, segundo o economista Cesar Bergo, continuará pelo menos no curto e médio prazo, mesmo que tenha concepções diferentes do governo atual sobretudo em pautas econômicas.
"Enquanto a Argentina passa por esse processo, o Brasil estabilizou a inflação, a taxa de juros seguirá em queda e nós temos reserva de US$ 400 bilhões. Esses fatores fortalecem o real diante do peso argentino e, consequentemente, favorece os brasileiros no turismo ao país vizinho", explicou o Bergo.
Embora alerte à necessidade de acompanhar como o próximo presidente argentino vai escalar a equipe de ministros e como será a governabilidade, o economista, que também é professor da Universidade de Brasília (UnB), crê que a moeda argentina continue no processo de depreciação.
"A Argentina tem uma dificuldade muito grande no equilíbrio das contas públicas, além de ter bilhões de dólares em dívidas. Então, uma possível estabilização da moeda local não ocorreria por agora", disse.
Brasileiros programam viagem à Argentina
A possível mudança de rumos na Argentina não mexeu com o apetite dos brasileiros em curtir a cultura portenha e se deliciar com os pratos de parrilla (churrasco argentino) acompanhados de vinhos nacionais.
Segundo a agência de turismo CVC, a Argentina segue como o destino mais procurado pelos brasileiros. De acordo com a assessoria de comunicação da empresa, o terceiro trimestre deste ano (julho, agosto e setembro) teve 10% de crescimento nas reservas em relação ao mesmo período no ano passado.
Quanto a projeções futuras da CVC, a agência informou que os destinos argentinos seguem demandados por turistas brasileiros. "Acabamos de antecipar a temporada de neve, por exemplo, com novas negociações de bloqueios aéreos somando mais de 800 assentos para julho e agosto de 2024, em parceria com a Aerolíneas Argentinas. E esse número deve aumentar, já que a projeção é chegar a cerca de 2 mil assentos exclusivos", afirmou.