A Polícia Federal (PF), em parceria com a Força Nacional e com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), prendeu, nesta terça-feira (14/11), uma mulher suspeita de ser uma das principais líderes de um grupo de invasores da Terra Indígenas (TI) Apyterewa, em São Félix do Xingu (PA). Esta é mais uma etapa na desintrusão dos territórios Apyterewa e Trincheira Bacajá.
As operações anteriores já apreenderam agrotóxicos, madeira ilegal, armas de fogo, drogas e gado criado ilegalmente. A PF aponta que a suspeita é investigada pelos crimes de invasão, desobediência às ordens judiciais que determinaram a desintrusão da região e coação, além da invasão e exploração econômica dentro da TI. A corporação informou que, durante a prisão, os invasores lançaram rojões e um disparo de arma de fogo atingiu uma viatura.
“Ela também já foi denunciada pelo Ministério Público Federal (MPF) por organizar e realizar ataques contra agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), no final de 2020. Em 2021, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa dela na Vila Renascer, comunidade de invasores que fica dentro da Terra Indígena Apyterewa, foi presa em flagrante por posse ilegal de arma de fogo, posse irregular de minério, manter em cativeiro animal silvestre e por fazer funcionar farmácia e posto de combustíveis clandestinos na terra indígena”, informou a PF em nota.
Na última semana, entidades representativas de servidores indigenistas e de fiscalização ambiental envolvidos na desintrusão do território Apyterewa alertaram para o risco que correm devido à menor presença de forças de segurança. Em nota, assinada pela Indigenistas Associados (INA) e pela Associação Nacional dos Servidores de Carreira de Especialista em Meio Ambiente e PECMA (Ascema Nacional), as entidades afirmaram que servidores do Ibama e da Funai têm feito suas partes para a desintrusão voluntária da TI. Porém, é apontado no comunicado que não há qualquer proteção na atividade.
“A medida, alegada como estratégia para evitar excessos e o agravamento de conflitos, tem tido efeito contrário e, na prática, tem impedido o avanço operacional, ao passo que restringe a realização das ações positivas de governo, justamente aquelas que podem auxiliar no apaziguamento dos ânimos e auxílio as populações de baixa renda", escreveram as entidades.
Entenda a operação
A operação entrou na segunda fase no dia 9 de novembro e, além da desintrusão do território, busca combater atividades ilegais, como extração de madeira e garimpo. O governo estima que mais de 3 mil invasores estejam na área e, na última sexta (11), a PF prendeu o presidente de uma associação de trabalhadores rurais acusado de incentivar invasões nos territórios.
Na primeira fase, as equipes desativaram postos clandestinos de gasolina, além de apreenderem 230 litros de agrotóxicos; 14 armas de fogo com porte irregular e 278 munições; 64 metros cúbicos (m³) de madeira; 70 gramas de maconha e retiraram 80% do gado ilegal.
Agora, a operação busca retirar aqueles que não deixaram a área de forma voluntária e apreender bens e animais. Serão destruídos, ainda, instalações irregulares.
A Terra Indígena Apyterewa é homologada desde 2007 e a TI Trincheira Bacaiá, desde 1996. Nas regiões vivem cerca de 2,5 mil indígenas das etnias Parakanã, Mebengôkre Kayapó e Xikrim, em 51 aldeias, entre os municípios de São Félix do Xingu, Altamira, Anapu e Senador José Porfírio, na região do Médio Xingu, no Pará.
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