A cada oito minutos uma mulher é estuprada no Brasil. 74,5% delas são consideradas vulneráveis por serem menores de 14 anos ou possuírem enfermidade, deficiência mental ou outra causa que impeça o consentimento. As informações foram divulgadas ontem no relatório Violência contra meninas e mulheres no 1º semestre de 2023, feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A estatística de estupro é a maior desde 2019, quando o instituto iniciou essa pesquisa.
O primeiro semestre deste ano registrou 34 mil casos de estupro de meninas e mulheres — o que representa um aumento de 14,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Esses dados correspondem aos registros de boletins de ocorrência em delegacias de Polícia Civil de todo o país. Porém, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) concluiu, em 2019, que há uma alta subnotificação desses casos no Brasil. O Ipea estimou que apenas 8,5% dos casos de estupro que ocorrem no país são registrados na polícia.
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Considerando esse fator, entre janeiro e junho, o número pode ter chegado próximo a 425 mil casos. Em todas as regiões brasileiras houve o crescimento do crime neste semestre, comparado ao do último ano. A maior variação foi no Sul, com crescimento de 32,4%, seguido do Norte ( 25%) e do Nordeste ( 13,2%). A menor taxa foi no Sudeste, com aumento de 4,8%.
O perfil das principais vítimas de estupros no Brasil foi apresentado pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em agosto deste ano. A maioria são meninas de 0 a 13 anos (61%); a metade são negras (56%); e a casa foi o principal lugar de ocorrência (68%).
Quanto ao agressor, em 86% dos crimes com crianças (0-13 anos) foi cometido por conhecidos e familiares como avôs, padrastos e tios. Já para as maiores de 14 anos, 77,2% dos agressores eram conhecidos das vítimas e 24,3% tinham sido estupradas por parceiros ou ex-parceiros íntimos.
No primeiro semestre deste ano, 722 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil — crescimento de 2,6% comparado ao mesmo período do ano anterior.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, considerou os números "arrasadores e alarmantes". "Não são números, mas vidas que foram interrompidas pela misoginia que se faz presente em nosso país", comentou.