A Polícia Federal (PF), em conjunto com autoridades de Portugal e agentes do Ministério Público do país europeu, realizaram, ontem, uma ação contra fraudes em serviços consulares. As investigações apontam que servidores do Consulado Geral português, no Rio de Janeiro, teriam armado um esquema de corrupção voltado para a concessão de vistos e nacionalidade portuguesa.
De acordo com a PF, na representação diplomática havia "o agendamento ilícito de vagas para a prática de atos consulares, além dos crimes de corrupção, concussão, peculato e falsificação de documentos cometidos por funcionários do Consulado Geral de Portugal no Rio". Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão por 30 integrantes das forças de segurança de ambos os países.
Os mandados foram expedidos pela Justiça brasileira, a pedido de autoridades portuguesas. A PF atuou no caso como integrante da Interpol. As provas colhidas sobre o suposto esquema de corrupção serão enviadas ao Judiciário português
Xenofobia
Em Brasília, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou, ontem, que os brasileiros deveriam ter o direito de "invadir Portugal". Ele fez o comentário em referência a um vídeo, que circula nas redes sociais de segunda-feira, no qual uma portuguesa desacata uma turista no aeroporto da cidade do Porto e afirma que os brasileiros estão "invadindo" seu país.
Em tom de ironia, Dino afirmou que os brasileiros teriam direito a "reciprocidade", uma vez que os portugueses "invadiram" o Brasil a partir de 1500. O ministro afirmou, ainda, que até concordaria com a repatriação de brasileiros por Portugal, mas somente se o país europeu devolvesse o ouro que levou de Minas Gerais nos tempos do império.
"Ela diz assim no vídeo: 'Vocês estão invadindo Portugal'. Bom, se for isso, nós temos direito a reciprocidade, porque em 1500 eles invadiram o Brasil e nós estamos tudo de acordo. Concordo até que eles repatriem todos os imigrantes que lá estão, devolvendo junto o ouro de Ouro Preto. Aí fica tudo certo, a gente fica quite", disse, em tom irônico. A fala de Dino foi feito durante o lançamento dos cursos do Bolsa-Formação, projeto do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci 2). O ministro ministrou uma aula magna no Palácio da Justiça, em Brasília.
A polêmica começou com a postagem de um vídeo no qual uma brasileira, de 35 anos, foi vítima de xenofobia. Nas imagens gravadas pela própria vítima, que não quis revelar sua identidade ao jornal português Gazeta Bragantina, uma mulher, que se identifica como portuguesa, a desafia a continuar filmando e, ao se afastar, a chama de "porca". Além disso, manda-a "voltar para a sua terra".
As ofensas xenofóbicas começaram quando a mala de uma amiga da portuguesa caiu no pé da brasileira, enquanto elas desciam escadas rolantes. Ela disse: "Ai, doeu". A portuguesa respondeu: "Doeu? É problema seu". Foi quando começaram as ofensas, dizendo que a brasileira "não era bem vinda em Portugal" e que "sou portuguesa de raça". A mulher xingada teria, também, nacionalidade italiana. (Com Agência Estado)
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