CLIMA

Ciclone: luz em São Paulo só será normalizada na terça-feira (7/11)

Frente fria com um ciclone extratropical atinge a região centro-sul com força. Seis pessoas morreram em São Paulo e a energia elétrica será restabelecida normalmente apenas na terça

Uma nova frente fria, acompanhada de um ciclone extratropical, castigou o centro-sul do país. A tempestade que começou na tarde de sexta-feira no estado de São Paulo deixou pelo menos 2,1 milhões de pessoas sem energia elétrica e, ao longo do dia de ontem, o serviço retornou para 550 mil paulistas. No entanto, segundo a estimativa da Enel, responsável pelo fornecimento de luz no estado, a distribuição de luz só será normalizada na terça-feira. A empresa atende a capital e outros 23 municípios da região metropolitana.

As fortes chuvas arrasaram diversos pontos do estado, com rajadas de vento de até 100 km/h, que "provocaram quedas de árvores e galhos sobre a rede elétrica, danificando trechos inteiros da rede de distribuição em diversos pontos". Para se ter uma ideia da magnitude do temporal, em Santos, no litoral sul do estado, os ventos chegaram a 151 km/h.

"A companhia reforçou as equipes em campo, nos canais de atendimento e no centro de controle e está trabalhando de forma ininterrupta para normalizar o fornecimento de energia para todos. Devido à complexidade do reparo e à necessidade de reconstrução de trechos da rede, o restabelecimento da energia se dará de forma gradual e, em alguns casos, pode levar mais tempo", disse a Enel em comunicado.

O fornecimento de água também foi interrompido, segundo a Sabesp, devido à queda de energia. A estatal alertou que a população economize o uso até que o sistema de abastecimento seja normalizado e que priorize o uso de caixas d'água. "Em razão das fortes chuvas na tarde de sexta-feira, a falta de energia paralisou instalações e estações elevatórias da empresa, afetando o nível dos reservatórios e, consequente, o abastecimento de água em diversas regiões."

"A companhia está em constante contato com as concessionárias de energia para restabelecer as instalações o mais breve possível, mas ainda não há previsão de regularização do fornecimento para todas as áreas", informa a empresa em nota.

O Corpo de Bombeiros registrou mais de 1,2 mil chamados por quedas de árvores. Pelo menos seis pessoas morreram em decorrência do temporal. Na capital, duas vítimas estavam em um carro que acabou atingido por uma árvore que caiu. Outras cidades que registraram mortes foram Osasco, Santo André, Suzano e Limeira, com um caso em cada uma, como indica a Defesa Civil no estado.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) lamentou as mortes pelas redes sociais. "Todo o estado de São Paulo sofreu com um evento climático extremo, marcado por chuva de grande intensidade e fortes rajadas de vento, sendo a região metropolitana de Campinas a mais atingida".

"As equipes da Defesa Civil de São Paulo e Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) estiveram a postos para atender as mais de 2.000 ocorrências registradas e, no momento, apoiam os municípios afetados para restabelecimento de energia e liberação de vias comprometidas pelas quedas de árvores. Equipes da Sabesp trabalham para restabelecer também o fornecimento de água, que foi impactado pelas quedas de energia", escreveu o governador no X, também conhecido como Twitter.

Demais estados

No Paraná, as chuvas causaram o aumento no nível da água nas Cataratas do Iguaçu. A vazão de água chegou a subir para 17,3 milhões de litros por segundo, enquanto o normal é de 1,5 milhão de litros por segundo. Segundo a Defesa Civil, pelo menos 27 municípios estão em situação de emergência.

Foram registrados temporais em 131 cidades nos últimos dias, com mais de 93 mil pessoas afetadas. Destas, mais de mil estão desabrigadas e quase 5 mil estão desalojadas.

Em Minas Gerais, o início do fim de semana também foi marcado por fortes chuvas, inclusive, acompanhadas de granizo, e a Defesa Civil de Belo Horizonte apontou que as regiões de Barreiro e Centro-Sul da cidade estão sob alerta de risco geológico moderado. O órgão recomendou que a população se mantivesse atenta a sinais como paredes rachadas, portas e janelas emperrando, rachaduras no solo, muros e paredes estufadas e estalos.

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul também informou que a passagem do ciclone extratropical na costa do Sul do país deixou 230 desabrigados e 25 desalojados. O órgão afirma que 22 municípios gaúchos foram afetados.

Mais Lidas

Seca na Amazônia

Enquanto o centro-sul do país é castigado pelas chuvas, na Amazônia uma seca histórica, aliada às queimadas, segue preocupando. Manaus completa uma semana tomada por uma nuvem de fumaça que, na madrugada de ontem, se tornou mais densa.

Segundo o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), desenvolvido pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em quase todas as zonas da capital amazonense a qualidade do ar era considerada péssima ontem. A plataforma considera o ar péssimo quando o índice está entre 125 e 160. Na madrugada de ontem, chegou a 600 na Zona Sul de Manaus e ficou entre 200 e 400 na Zona Leste.

Se no início do mês o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) justificou que a fumaça teria sido causada por queimadas irregulares feitas por agropecuaristas, agora o governo do Amazonas afirma que o problema seriam as queimadas registradas no Pará, que, no período de 26 de outubro a 3 de novembro, somavam 5,3 mil focos de incêndio.

“Podemos verificar por imagens dos satélites que todos os municípios, que sofrem influência do Rio Amazonas, que serve como um corredor de fluxo de ventos, até chegar a Manaus, têm sido impactados pela fumaça mesmo sem ter focos de incêndios registrados”, explicou o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira.

Um levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) indica que a chuva só deve chegar ao Amazonas em dezembro, podendo ainda ser afetada pela continuidade do fenômeno El Niño. (AM)