“Nem todo herói usa capa”, frase que define a atitude de José Cardoso Lemos, um pescador, de 48 anos, que foi homenageado com o certificado de Louvor da Organização Marítima Internacional (IMO), nesta segunda-feira (27/11) após resgatar 35 pessoas de uma embarcação em setembro de 2022, nas proximidades da ilha de Cotijuba, no Pará. O pescador representou o Brasil em uma das premiações de maior prestígio para a comunidade marítima mundial, o prêmio IMO por bravura excepcional no Mar.
O evento ocorreu na sede da organização, em Londres, contando com 47 indicações de 18 países. Integrante do Conselho Consultivo da IMO desde 1967, o Brasil tem atuado ativamente por meio de representação permanente, exercida pela Marinha do Brasil, que contribui para o desenvolvimento de regulamentações internacionais ligadas à segurança da navegação e a proteção do meio ambiente marinho.
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As premiações são concedidas anualmente e foram estabelecidas para proporcionar reconhecimento internacional daqueles que correm o risco de perder a própria vida, praticando atos de coragem ou de prevenir danos ao ambiente marinho.
Dia do resgate
Em 8 de setembro de 2022, por volta das 8h, José se preparava para trabalhar com o filho e sobrinho próximo de Cotijuba. Outros pescadores avisaram sobre uma embarcação regional de transporte de passageiros que estava à deriva próximo da área. Ao chegar no local do acidente, o barco Dona Lourdes II afundou.
"Parecia uma cena de filme de terror, tinham umas 80 pessoas gritando por socorro na água, a grande maioria mulheres de idade, um desespero total. Foi horrível”, relatou o pescador em entrevista para a Agência Marinha de notícias.
"As pessoas estavam amontoadas em boias maiores, outras estavam agarradas aos assentos da embarcação, na esperança de flutuar. A primeira boia tinha 16 pessoas, já a segunda em torno de umas 23”, completou o pescador.
Para conseguir espaço na embarcação, José jogou todo equipamento de pesca na água e imediatamente iniciou o resgate. Por ter um barco pequeno, o pescador fez duas viagens, desembarcando as pessoas na Praia da Saudade, onde a população e ambulâncias prestavam socorros. Ao retornar na terceira viagem, José encontrou o restante das vítimas sem vida.
Mesmo com os prejuízos econômicos dos equipamentos deixados para trás, José relata não se arrepender pela ação feita. “Eu faria tudo da mesma forma, tentaria ajudar até mais. O acidente mudou a minha vida e tenho certeza que eu ajudei muitas pessoas. Não sou um herói, sou apenas um homem comum, que fez o que achava certo”, diz.
*Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca
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