Após o cancelamento do show da Taylor Swift, no sábado (18/11), por causa das altas temperaturas, fãs que estavam presentes no Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro, relataram que tiveram queimaduras depois de caírem em estruturas de metal. No dia, a cidade chegou a marcar 42°C.
É o caso da escritora Anastasia Kloster que compartilhou nas redes sociais o acidente que sofreu no local. “Hoje (18/11), eu fui ao Estádio Nilton Santos para o show da Taylor Swift e saí com 3 queimaduras de segundo grau. As placas de metal que cobriam o chão da pista premium viraram uma CHAPA QUENTE com 40°C que estava marcando”, escreveu.
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“No meu caso, eu caí porque acabei tropeçando em razão da fraqueza de ter passado horas na fila, mas no posto havia muitos com queimaduras por terem sentado no chão sem saber da temperatura e por terem sido empurrados contra a grade”, completou.
No primeiro show da cantora no Brasil, na sexta-feira, uma fã morreu após passar mal durante o primeiro show da cantora Taylor Swift, com a turnê The Eras Tour. Ana Clara Benevides, de 23 anos, era estudante de psicologia e morreu após uma parada cardiorrespiratória.
Pessoal, faz tempo que não venho aqui, mas é a minha única conta aberta. Hoje 18/11 eu fui no Estádio Nilson Santos para o show da Taylor Swift e saí com 3 queimaduras de segundo grau.
As placas de metal que cobriam o chão da pista premium viraram uma CHAPA QUENTE com os 40°C. pic.twitter.com/rKDwEPxRrM— anastasia ? QUEDA DAS SOMBRAS NA AMAZON (@autoranya) November 19, 2023
Não deixaram entrar com água. Ao que parece, o chão de alguns setores eram placas de metal (o que transformou aquilo num forno).
Os caras saíram no lucro, uma morte foi pouco ainda. pic.twitter.com/Fr7fPbuC6v— Otavio (@otavi0XI) November 18, 2023
Causas
O Correio conversou com o José Adorno, cirurgião plástico do Hospital Santa Lúcia e presidente da Sociedade Brasileira de Queimados, que explicou sobre a gravidade de estar “exposta” a esse tipo de metal. “Sobre essa chapa de metal, com o calor intenso, as superfícies sólidas, especialmente o metal, eles aumentam muito mais o acúmulo de calor e se a pessoa não tem um lugar para que possa pisar e ficar mais tempo em contato com esse material, ou seja, não ter opção de não pisar nesse metal, isso expõe naturalmente a pessoa a um metal aquecido. Por isso que aconteceu muitas queimaduras. O mesmo contato curto, de pouco tempo com a exposição ao calor, isso determina queimaduras e algumas vezes até queimaduras mais profundas, de segundo grau ou mesmo se a pessoa tiver algum problema de sensibilidade ou alguma situação que não impede de identificar rapidamente a queimadura, isso pode ir até para queimadura de terceiro grau grave”, explica.
Além de se tornar uma situação emergencial, isso ocasiona traumas nas pessoas além da insolação. “A pessoa ficar exposta ao ambiente de muito calor, como tem sido agora nos últimos dias, especialmente do Rio de Janeiro, então cria uma série de situações favoráveis que tivesse muito tipo de acidentes, e graves, inclusive com óbito pela exposição excessiva ao calor, além da restrição de água ou impossibilidade de ter facilidade da pessoa se hidratar, isso também faz insolação acometer pessoas jovens”, diz o especialista.
O metal aquecido está dentro das causas de internação de queimadura nas unidades queimados do Brasil. “Essa estatística fica entre a segunda e a terceira causa. E isso são populações muito vulneráveis, por exemplo, um acidente doméstico de uma criança que é exposta ao ferro quente de passar roupa”, cita.
* Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca
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