O Hezbollah é uma milícia criada durante a guerra civil libanesa, nos anos 1980, que conta com o apoio do Irã — cujo governo é composto de clérigos muçulmanos da linha xiita. O grupo tem braços políticos, sociais e militares, e professa uma visão estrita do Islã. Desde a criação, foi responsável por atentados no Oriente Médio, Europa e na América Latina, como o ataque à embaixada israelense em Buenos Aires, em 1992 — que deixou 29 mortos.
Historicamente, o Hezbollah tem laços com a comunidade muçulmana, sobretudo na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. A presença de membros do grupo na região preocupa, há anos, a agências norte-americanas de inteligência.
Com a eclosão da guerra entre Israel e o Hamas, o país e o Hezbollah vêm trocando fogo desde 7 de outubro, quando o grupo terrorista palestino invadiu o território judaico e matou 1,4 mil pessoas, segundo as autoridades israelenses. Com a invasão de Gaza na semana passada, muitos na região temem que o conflito com Hezbollah, que é aliado do Hamas, possa escalar para uma guerra envolvendo também o Líbano e o Irã. Isso deixaria Israel lutando em duas ou, até mesmo, em três, situação que o governo de Tel Aviv pretende evitar.
OLP como alvo
As origens do grupo remontam a uma invasão terrestre envolvendo palestinos. Em 1982, Israel avançou para o sul do Líbano com o objetivo de aniquilar a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), cujos líderes utilizavam o país como base. Foi quando se formou um inédito movimento xiita para resistir à ocupação israelense.
O movimento ganhou o nome de Hezbollah, que em árabe significa "Partido de Deus". O grupo logo encontrou um novo aliado no Irã e, nos EUA, um inimigo, depois de se envolver em um atentado suicida na Embaixada norte-americana em Beirute, em 1983.
Israel se retirou do Líbano em 2000, mas o Hezbollah se organizou como força política e, hoje, controla o governo e a burocracia libanesa. Em 2008, o grupo lutou em uma luta sangrenta, que durou 34 dias e deixou áreas de Beirute e outras partes do Líbano arrasadas pelos ataques aéreos de Israel.
Pelo menos 1,1 mil israelenses morreram, de acordo com o Observatório de Direitos Humanos, juntamente com dezenas de soldados de Israel e combatentes do Hezbollah. A guerra também começou na parte norte da fronteira: em julho daquele ano, um ataque do grupo ao território israelense matou oito soldados e sequestrou dois. A violência aumentou rapidamente a partir daí.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br