Após uma questão da prova do Enem deste ano ser alvo de críticas da bancada ruralista por conta do texto motivacional apresentar suposto "cunho ideológico", o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, destacou que as perguntas do exames são feitas de forma independente e não têm ligação com o governo.
Ao responder sobre as criticas da bancada ruralista, Teixeira respondeu: “Eu acho que levantaram uma bola que não precisavam ter levantado". O ministro participou da edição desta quarta-feira (8/11) do CB.Poder — programa do Correio, em parceria com a TV Brasília.
A questão 89 (com referência à prova do tipo “branca”) trazia no começo do texto motivacional a frase: “No Cerrado, o conhecimento local está sendo cada vez mais subordinado à lógica do agronegócio”. O trecho foi extraído do artigo Territorialização do agronegócio e subordinação do campesinato no Cerrado, feito por professores da Universidade Federal de Goiás (UFG). Além dessa, outras duas questões (a 70 e a 71) também falavam sobre o agronegócio.
Com isso, o debate sobre o conteúdo das questões chegou ao parlamento da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A Frente Parlamentar do Agro (FPA) emitiu uma nota no qual entende que as perguntas foram “mal formuladas, de comprovação unicamente ideológica e permite que o aluno marque qualquer resposta, dependendo do seu ponto de vista”. A bancada também pediu a anulação das questões.
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O chefe da pasta recém criada no governo Lula, no entanto, defendeu que a gestão do petista não é responsável pela elaboração das perguntas e, por isso, estaria isento de responsabilidade no caso. “Quem elabora as perguntas do Enem são professores universitários, que não são conhecidas. São validadas cientificamente, mas não são conhecidas, porque você não pode conhecer uma pergunta antes da prova. Então não é o governo. O ministro não tem acesso às provas. Não é uma polêmica com o governo”, acrescentou.
Relação com o agro
Mesmo com a resposta de parlamentares ter sido mais incisiva contra o governo nas questões da prova do Enem, o ministro acredita que a relação entre o agro e a gestão do petista é “ótima”. Teixeira citou o Plano Safra, no qual foram destinados R$ 350 bilhões aos produtores. “E o ministro (Carlos) Fávaro viajou e desbloqueou 50 mercados para a compra dos produtos brasileiros. Então está indo muito bem a relação com o agro e, ao mesmo tempo, o agro está feliz com o governo do presidente Lula”, concluiu.
*Estagiário sob a supervisão de Ronayre Nunes
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