SOLIDARIEDADE

Mulheres migrantes e refugiadas recebem capacitação profissional da ONU

O programa do Acnur, da ONU Mulheres e do Pacto Global da ONU atua em cinco capitais brasileiras; Em Brasília, as aulas iniciaram nesta terça-feira (7/11)

Capacitação profissional reúne mulheres refugiadas e migrantes de diversos países em cinco capitais brasileiras -  (crédito: Mayara Souto / C.B./ Correio Braziliense)
Capacitação profissional reúne mulheres refugiadas e migrantes de diversos países em cinco capitais brasileiras - (crédito: Mayara Souto / C.B./ Correio Braziliense)
postado em 08/11/2023 03:55 / atualizado em 27/01/2024 21:17

O projeto Empoderando Refugiadas já auxiliou mais de 400 mulheres migrantes e refugiadas a conseguirem emprego no Brasil. Realizado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a ONU Mulheres, o Pacto Global da ONU no Brasil e implementado pelo Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR), São Paulo (SP), Boa Vista (RR), Brasília (DF), Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ). Os três últimos municípios iniciaram o trabalho neste ano. Em Brasília, o Correio acompanhou o início das aulas de Técnicas de Venda, nesta terça-feira (7/11), com 32 migrantes e refugiadas de Cuba, Costa do Marfim, Haiti, Paquistão e Venezuela.

A haitiana Nadia Duvert, 43 anos, pedagoga, vende roupas e calçados na rodoviária do Plano Piloto, e está há 10 anos no Brasil. "Preciso ter mais conhecimento para trabalhar melhor. Quero continuar com vendas, gosto muito", comenta. Já Manise Savah, 45, também haitiana, sente falta de atuar na enfermagem — sua formação. Atualmente, ela estuda Técnicas em Enfermagem, para poder voltar a atuar na área da saúde. Também sonha em abrir um salão de beleza para pessoas negras e quer aprender nas aulas "como atender os clientes". Ambas se conheceram trabalhando no Rio Grande do Sul, onde estreitaram amizade.

As haitianas Manise e Nadia
Manise e Nadia são haitianas e procuram qualificação profissional para melhorar de vida (foto: Mayara Souto/CB/D.A Press)

A venezuelana Hilda Rosa Guzmán, 67, é cabeleireira e tinha um salão em seu país. Com os três filhos e os netos, vive há cinco anos aqui e sonha em ter um SPA de beleza. "Fiz vários cursos, de cabeleireira, sobrancelhas, maquiagem profissional, sistema de informática. Agora, este (Técnica de Vendas) e me falta o de unhas", explicou. Emocionada, conta que deixou a Venezuela, em 2018, pela dificuldade de ter o que comer.

Hilda venezuelana
Hillda é venezuelana e sonha em ter um SPA próprio (foto: Mayara Souto / C.B./ Correio Braziliense)

Para Thalita Machado, professora do curso desenvolvido pelo Senac, além da parte profissionalizante, há a preocupação em recuperar a autoestima dessas mulheres. "A gente tenta destacar essa resiliência, essa esperança que eles têm. De falar 'olha você aguentou até aqui, vamos, você está no primeiro passo'. É muito bonitinho quando brilha os olhos", relatou, emocionada. Serão 20 dias de aulas com emissão de certificado.

Yôkissya Coelho, trabalhadora humanitária do SJMR, coordena o Empoderando Refugiadas em Brasília. O programa começou em 2015, em São Paulo, mas, em 2019, viu a necessidade de ir até Boa Vista, em Roraima, devido à crise humanitária da Venezuela. "Queremos que elas sejam reconhecidas nacionalmente, além de mostrar as capacidades dessas mulheres por meio da construção de um currículo e, por último, conectar elas a vagas de emprego", explica a profissional, sobre os objetivos do curso. Ela comenta que o mercado brasileiro é muito competitivo e, então, qualificá-las é essencial. Ao final do curso, uma feira profissional será realizada para que recrutadores de Recursos Humanos (RH) conheçam as participantes e encontrem vagas adequadas a cada perfil.

  • As haitianas Manise e Nadia
    Manise e Nadia são haitianas e procuram qualificação profissional para melhorar de vida Foto: Mayara Souto/CB/D.A Press
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